Boas vindas

Que todos possam, como estou fazendo, espalharem pingos e respingos de suas memórias.
Passando para as novas gerações o belo que a gente viveu.
(José Milbs, editor)

27.2.07

BENTO CAVOUR...


A INTEGRIDADE E A MORAL DE BENTO CAVOUR FAZEM FALTA NOS DIAS DE HOJE:

BENTO CAVOUR FEZ DE SUA VIDA UMA HISTÓRIA BRILHANTE QUE DEIXOU SAUDADES EM MACAÉ E EM QUISSAMÃ......................................... José Milbs (historiador)

Sendo um dos mais assíduos leitores do nosso O REBATE nos anos de 1967/1976, Bento Cavour Pereira de Almeida, era um personagem alegre e feliz que nos recebia cordial e carinhosamente quando íamos na vizinha cidade. Aquele tempo Quissamã ainda era distrito de Macaé. Bento nasceu no Rio de Janeiro no dia 31 de maio de 1915 e, nos arquivos deste jornal pudemos encontrar e publicar que ele era filho de Antonio Cavour Pereira de Almeida e Francisca Maria Carneiro da Silva.

Antonio Cavour era engenheiro/ferroviário da Companhia Leopoldina Railway, residente em Macaé.Dois anos depois do casamento o ilustre pai de Bento, muda-se para o Rio de Janeiro onde nasceram os filhos e residiram até a morte de Francisca Maria, na ocasião do nascimento do ultimo filho- Bento.

O Dr. Cavour então aceitou o convite dos diretores da Cia. Engenho Central de Quissamã, Visconde de Ururaí, Visconde de Quissamã e Dr. José Ribeiro de Castro e veio gerenciar a Usina que foi a 1ª. Usina de Cana de Açúcar da América do Sul. Isto em 1915.

Em 1920 a usina ficou sob a direção do Dr. José Ribeiro de Castro, que comprara as ações dos outros sócios e Dr. Cavour despediu-se da usina.

Mudou-se, com toda a família, para Petrópolis. Nos conta a linda e inteligente Débora, sua neta que Bento tinha então 5 anos e passou a infância nessa cidade, estudando em colégios particulares e no Colégio S. Vicente de Paulo.

Em 1932, Dr. Cavour mudou-se para o Rio de Janeiro e Bento terminou o curso médio no Colégio Santo Inácio.

Em 1934, Dr. Cavour faleceu e Bento interrompeu o vestibular para Politécnica indo trabalhar no Moinho Inglês. Sempre pensando em Quisamã que era a melhor de suas saudades. Não demorou a voltar.

Ficou durante 5 anos no Moinho Inglês e, em 1940 transferiu-se para Quissamã.

Enquanto morava em Petrópolis e no Rio, Bento visitava a avó materna, Baronesa de Monte do Cedro, na sua Chácara, no centro de Quissamã. Sua história e raízes sempre acompanharam este grande homem que, pela simplicidade era sempre uma ponte afetiva junto à comunidade de Quissamã. Sempre cercado do carinho dos moradores ele criava amizades e afetos que o colocava na condição e no desejo de fixar-se na cidade. Em suas andanças conheceu sua prima Eliana, donde nasceu uma grande afeição e eles se casaram. Aceitou o convite do Edilberto Ribeiro de Castro, Diretor da Usina. Em janeiro de 1940, constando dos anais da história da usina, Bento Cavour reiniciava um longo período de trabalho.

Seu primeiro cargo foi de Caixa, depois Gerente do Departamento do Pessoal e por fim, Gerente do Patrimônio. É muito fácil para os leitores chegar aos moradores de Quissamã e perguntar sobre a passagem de Bento pela comunidade. Um olhar que brilha saudade flui dos que são perguntados e deixam escapar o quanto de felicidade este grande homem deixou junto aos que tiveram o privilégio de com ele conviver.

Casado, ficou morando na Chácara da Baronesa onde nasceram seus 8 filhos. Sofreu com a perda de sua tia Ana Francisca – Pachita – que foi sua 2ª mãe já que tinha ficado órfão com dois dias de vida. Sempre que O REBATE ia a Usina Central de Quissamã, a gente ficava horas a fio conversando com Bento e com o Dr.José Chistiano Ney. Foram destas longas conversas que tiramos estas verdades históricas que hoje colocamos on-line, mundialmente acessado no www.jornalorebate.com

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A estória de Macaé e Quissama está intimamente ligada a este grande brasileiro que foi Bento Cavour. Seus filhos são a expressão viva destes relatos que o O REBATE torna público.

Seus netos e bisnetos tinham que conhecer o quanto de honradez este homem soube transmitir a quem teve, como nós de O REBATE, o privilégio de conhecê-lo.

Bento comprou um pequeno apartamento no Rio de Janeiro para acompanhar os estudos de seus filhos.

No Rio ele passou os últimos anos de sua vida e morreu no dia 28 de outubro de 1999, com 84 anos. Não sabemos se Quissamã homenageou este grande homem que dedicou grande parte de sua existência no trato feliz com o POVO simples da localidade. O REBATE faz presente estes relatos que doravante irão integrar a vida deste homem que foi um grande amigo e leitor do nosso jornal.

N.A. Alguns dados deste texto foram passados pela sua neta Débora Cavour que procurou escutar sua avó e é a ela que agradecemos fatos e datas que fugiam ao nosso arquivo.

24.2.07

POR QUE AS PESSOAS FOGEM DA NATURALIDADE ?

Da maldade e da honradez humanas

José Milbs
Publicado originalmente no jornal A Nova Democracia www.anovademocracia.com.br

Habitam luxuosas residências. Caras de paspalho, uns com barbas, outros com as caras raspadinhas e cabelos feitos em salões. São animais que a ciência insiste em dizer que fazem parte da espécie humana: comem, dormem, fazem suas necessidades e até aprenderam a procriação. Mas não trabalham. Antes, vivem da exploração do trabalho e cumprem as ordens da desordem crescente.

Costumam se cercar de seguranças com seus ternos negros que mais parecem capitães do mato lançando olhares que imitam valentia. Usam veículos importados. Trazem mulheres que cheiram a perfumes caros e acompanham infelizes filhos que os admiram como a um cofre abarrotado de dinheiro. Parecem animais criados em cativeiros, frangos e frangas americanas que não podem se expor ao vento ou colocar os pés em outro chão que não seja o das granjas. Nesse caso, o chão dos palácios e gabinetes.

Ventos açoitam as folhas das palmeiras e coqueiros que ornam a Praia dos Cavaleiros, em Macaé, cidadezinha do norte do Rio de Janeiro. Meninos e meninas normais expõem seus cabelos ao morno ventar que vem das ilhas nativas. Pés descalços, sorrisos nos lindos olhos e no repuxo dos sobrolhos queimados pelo sol macaense. Assim é a bela e boa gente trabalhadora dali.

Espigões é a diferenciação no mundo natural de casas simples, mas plenas de aconchego e de amor. A ganância contraída no processo de acumulação fez de cada engravatado com seu sorriso de lagarto esquecer que existe o humano dentro de si. Transmitem aos pobres e infelizes filhos uma imagem fedente a perfumes e gestos efeminados dos opressores em decadência. Os jornais que socorrem os exploradores anunciam leis contra o povo, trapalhadas financeiras e os eventos ociosos das mansões, a maioria construída mediante desvios de cofres públicos, superfaturamento de obras e "serviços" junto aos tais poderes constituídos.

O meigo sol de primavera se aproxima com o novo ano. A cidade está inflada. As empreiteiras se vão e, em seu lugar, ficam as sub-empreiteiras dirigidas pelos jagunços pinçados a dedo nas fazendas. Eles convocam rapidamente os trabalhadores que estão nas obras, aqueles que, com suor, lágrimas e saudades, foram os responsáveis pelas construções.

II

A frieza dos jagunços se assemelha à do seu chefe investido de empresário, o mesmo que se posta ao lado dos que exercem a função de autoridades municipais. Burocratas mais graduados supervisionam os detalhes das inaugurações.

A temporada de festividades consagradas ao esplendor do crime lícito chega rápido. Timtins barulham copos do mais puro escocês, tão puro quanto a fina casta de ladrões e assassinos que o consome. Espalhados pelos salões e jardins que os acolhem, esses grupos de expropriadores da força de trabalho e do patrimônio público destilam idéias monstruosas enquanto expõem suas presas de pervertida alegria. Esforçam-se o quanto podem em cada detalhe da imitação de cordialidade humana, revelando pleno domínio sobre as regras de conduta dos desocupados sociais. Tapinhas nas costas de outros empregados de luxo denotam formas cínicas de distribuir chantagens e ameaças, como que fizessem recordar que as benesses recebidas dos faturamentos devem ter sempre continuidade.

Nas areias da praia, centenas de jovens se banham e olham descontraídos para o vai e vem das ondas esverdeadas e puras. Crianças correm e brincam com pequenos caranguejos que assanham as areias e voltam para seu habitat.

Os trabalhadores - antes convocados pelos "agenciadores de emprego", na realidade administradores do desemprego - foram avisados: estão dispensados do longo e penoso trabalho de quase um ano de obra. Moraram em palafitas, se alimentaram de comida fria, beberam muita pinga para abafar o soluço trazido pela humilhação e pela nostalgia.

Chamados nominalmente e, contendo o ódio que brota em seus olhos, recebem a última parcela do salário miserável. Aceitam, como lhes chegam, os registros adulterados nas carteiras de trabalho. Até porque onde iriam reclamar "seus direitos" se, por entre as frestas envidraçadas dos escritórios, avistam os dirigentes do sindicalismo burocrático recebendo as tradicionais cortesias dos prepostos? Agora estão sem serviço remunerado. O que fazer para sustentar a si e à família?

III

Crianças, filhos desta pobre burguesia cujos dias estão contados com a aproximação da nova democracia, admiram as lindas meninas e meninos que vivem livres sob o sol nascente de Macaé. Querem também ir ao encontro de seus pares infantis, porque criança nasce tudo igual. São socialistas natas. Os canalhas, produtos do modo de produção imperialista e em agonia final, é que as desviam o quanto podem do amor fraterno.

Do luxuoso hotel, elas buscam pelas gretas algum gesto que as identifiquem na essência com as crianças livres. Afastam-se sorrateiramente do ambiente podre de seus pais e dos demais cúmplices. Querem a liberdade de brincar, correr, ver os tatuís abrirem suas casas. Descem as escadas, quando já começam a ouvir os alegres ruídos da Praia do Pecado, do sussurro do mar...

Os braços dos homens de ternos pretos obstruem a passagem e mandam as crianças de volta ao odioso regime de divisão de classes. Os seguranças não fazem mais que adiar a tendência natural das coisas...

Vendedores ambulantes gritam sacolés, biscoitos, guloseimas e da mesma forma são afastados da frente do hotel. Tiras verde-amarelas cercam as ruas evitando a aproximação do povo.

Por alguns momentos, os operários esquecem o sofrimento, a repressão dos exploradores e o desprezo dos acomodados. Cantam, assobiam cantigas de suas terras. Alguns ainda olham para os luxuosos prédios que construíram, como que imaginando para que tipo de gente trabalharam, que espécie tão pouco humana irá ocupá-los. Mulheres que conheceram, amigos que fizeram, crianças que acalentaram; tudo fica para trás. Pensam nas histórias que poderão contar aos seus filhos enquanto caminham pelas ruas macaenses rumo à rodoviária. Companheiros de mais confiança se encarregaram de trazer, de uma forma ou de outra, a alvissareira notícia que de que algo está para acontecer em toda a região do Rio.

Com efeito, a quase uma hora dali, uma casa abriga vinte e oito operários que traçam planos de filiação a uma central de novo tipo. Prossegue animada a pequena assembléia que, na sua primeira pauta, já decidiu pela fundação do sindicato classista e combativo, verdadeira e digna organização da classe operária na construção civil.

18.2.07

FILÓSOFO DAS RUAS EMPOEIRADAS: NENSINHO







As poeiras de certas ruas macaenses não existem mais. Cimentaram. Com isso os passos dos nativos ficaram mais lerdos, mais tristes. Todas as pequenas cidades do Brasil e, mas minhas andanças eu pude testemunhar, são cheias de vultos de sua história. São pessoas como o meu velho e bom a amigo Nensinho dos Santos Baptista. Nensinho era Comunista convicto. Sabia das coisas lindas que os Bolcheviques faziam para criar um mundo melhor. Mesmo vendo, como vimos, o acocoramento de alguns comunistas ao capitalismo, ele sabia que a "fase iria ter fim". Confiava no Comunismo e sabia que sua vinda ao mundo seria a vitória do Amor contra o ódio. Nensinho andava pelas nossas ruas, caminhava, pensava e pouco falava. Seus cabelos compridos, finos e caidos aos ombros era a figura marcante de quem sabia estar contestando.
Encostado aos bares, nas tardes noites do Centro de Macaé. ele tomava umas e outras com intúito de rever amigos, pessoas da velha-guarda. Sempre com o olhar atento no futuro e, sabedor das grandes histórias da vida do cotidiano, este meu amigo, não despertava nas pessoas o seu grande conhecimento literário. Poucos sabiam que, por detrás daquele vulto simples, metalúrgico/ferreiro, estava um auto-didata que lia grandes escritores e sabia entendê-los. Sua fala mansa, gaquejante e irônicamente provocante, com sorrisos escantilhados e bonitos, penetrava nos ouvintes e ele ia dando suas idéias de um novo mundo, um mundo socialista, puro, belo e fraterno.
Não tive tempo de lhe dizer sobre a NOVA DEMOCRACIA mais sei que leu várias crônicas minhas. Era um grande defensor das idéias do Presidente Mao e sabia que o mundo, embora, não estivesse nas suas metas ver em vida, caminhava para as verdades do Maoismo. As vêzes fico a imaginar que a natureza carimba certas pessoas que vivem sempre no carismático do existencialismo, humildemente feliz e distribuindo idéias. Era assim o Nensinho dos Santos Baptista.
Ontem acordei e soube que Nensinho tinha morrido. Gilberto, seu irmão me disse que tinha tido uma esquemia celebral. Não chegou aos 72 anos. Faria seu niver no final do mês, e as fotos que ornamentam o Blogger, foram tiradas num destes seus festivos eventos. Não viu seus cabelos ficarem brancos como o meu. Sua presença, sempre discreta e solitária, nas noites macaenses e na região do petróleo, era uma constante. Na Taberna da Praia, onde sempre chegava, pelos cantos, para não despertar atenção eu me encontrava com ele. Vinha para minha mesa e a gente comentava as últimas do Capitalismo em Agonia. A última vez que sai nestas tardes noites ficamos horas conversando. Fotografei ele com meu amigo e meu diretor Moctezuma Barbosa Pinto. Elegantemente ele passou as mãos pelos poucos cabelos de sua sábia cabeça e se deixou fotografar pelo "amigo Pinguin da Rua do Meio" que sabia ser seu amigo de grandes noitadas.
Hoje quero homenagear este grande socialista "que não tinha carteirinha" e que poucos sabiam ser um grande Comunista e Maoista. A região de Petróleo e as noites macaenses estão com um grande vazio. As músicas do velho Nelson Gonçalves "paletó de linho branco, que até pouco tempo era linho lá no campo" perde um filósofo das ruas e das noites. Nelzinho sabia de Kant, Marx e Lênin e poucos tinham acesso as suas máximas. Eu, felizmente pude participar e ouvir sua vóz de menino e de doutrinador nato.
Solteiro, passo as condolências aos seus irmãos e também meus amigos Salvador - O Dodô - e Gilberto dos Santos Baptista. Condolências do "O REBATE", em seus 75 anos de histórias. Era no" O REBATE" que o Nensinho sairia nesta foto com o Moc. Sai hoje em sua memória. Viva, como ele sempre dizia, A LUTA DOS OPERÁRIOS DO MUNDO. Descanse amigo e companheiro Nensinho, que a gente continua na luta e, como você dia rindo: "Pinguin, o capitalismo é um tigre de papel"...
FOTOS HISTÓRICAS DAS NOITES (2005) fto. 1) Salvador Santos Baptista (imão do Nensinho e o editor Milbs.
fto. 2) Eraldo Gomes da Silva - Eraldo Seresteiro - e o Editor Milbs
fto 3) Flavito, Anterinho e o editor Milbs
fto. 4) Nensinho e o diretor Mactezuma Barbosa Pinto
Todas as fotos foram tiradas na "Cantina da Praia" onde a saudade de Nelsinho é uma constante...

15.2.07

NASCEU CAIQUE MEU NETO....

Filho de minha linda filha Lais com Filipe Bichara, nasceu hoje, as 8,30, na Clinica São Lucas, em Macaé. Caique, durante a gestação de sua mãe, sempre era saudado por ela no Orkut e no Msn como "Caique, o grande amor de minha vida". Agora ela está com ele nos braços e aumenta sua responsabilidade de menina/mãe. Ainda com 18 anos, e com uma cabeça bem a frente de sua sua idade, confio em que Lais saberá criar com muito afeto e no bom caminho este lindo neto de 3 k e 2oo g. Parabéns a ele pela chegada ao mundo esperando que todos nós, adultos e conscientes lutemos para que seu futuro na terra seja em um mundo bem melhor que este que vivemos onde destruimos metade de nossa natureza e somos acusados de um futuro sombrio para toda a humanidade. Bem vindo, querido Caique. Parabens Lais/Filipe...

8.2.07

OS ARRASTÕES MACAENSES NAS PRAIAS....

OS ARRASTÕES DAS PRAIAS DA BARRA E DO FORTE

José Milbs de Lacerda Gama

As infâncias guardam fatos que nunca existiriam não tivéssemos o pensamento fixado em que sua perpetuação se fizesse presente no formato de uma crônica.

Como seria a historia de Macaé sem que fosse relatado as madrugadas dos arrastões das praias da Barra e do forte.? Pela madrugada, quando os barcos iam para o alto mar estenderem suas redes artesanais, era muito difícil, na volta, recolherem sósinhos cheias de possíveis peixes.

A solução era espalhar pelas cercanias que, quem ajudasse puxar os arrastões, poderiam pegar tantos peixes quantos pudessem levar pra casa. Claro que eram os peixes menores.

No dia de arrasto havia uma sinfonia comunicativa de boca em boca que circulava em toda a cidade e creio que isto acontece em todas as cidades a beira do mar. Gente avisando que, na próxima madrugada, haveria o tão esperado Arrastão.

Na praia da Barra tinha a presença marcante dos moradores. A família de Letício Ribeiro, o velho Deco, os filhos do Pai de Adilson e Walter Pereira, As tias e primos de Maria das Graças Franco, seus vizinhos, o Joaquim Lobo e todos os seus amigos que mais tarde o fariam vereador.

Os moradores da Boa Vista, Felix do Mercado, Sergipe, reunidos com os Barretos, capitaneados por Jajara, pai de Fernando e Claudia Barreto, eram avisados em primeiro lugar devido a proximidade com a Barra.

Os moradores do centro, Baeca, Buruca e periferia da Aroeira, recebiam a noticia que ia haver arastão através de Roberto e Ruy Mourão que fiziam a ponte entre a cidade e o bairro. Roberto foi um brilhante politico nos anos 60 e quase chega a prefeitura em 1962.

Na da Praia do forte, os remanescentes da Rua do Meio, cajueiros, Rua do Sacramento e morros do Carvão e Viaduto, tinha como avisante mor os Mirian Almeida e seus irmãos.

As lembranças ficam por conta de quem participava como Dabarra (da Barra), Paulinho irmão de Bonga e Léa, António Franco, Joaquim Lobo, Manoel Papagaio e seus irmãos, a filharada de Luiz Pinheiro, Os irmãos de Adilson Pereira , Baeca, os Barretos filhos de seu José Barreto, os filhos de Pastora, Felix do Mercado, Papa Lambida que comandavam as alegres madrugadas da Praia da Barra com gritos infantis e alegrias no enchimento de sacolas e sacos.

António Franco, que hoje é vereador e Pastor Evangélico, sempre levava para casa os sacos cheios de peixes que serviriam para longas e deliciosas refeições. Ele pode confirmar com detalhes vividos estes momentos extremamente macaense e puro.

Enquanto isso os arrastões da Praia do forte tinham dezenas de infâncias que hoje de cabelos brancos podem explicar o fenômeno maravilhoso que era esta pureza macaense. Tonho Lepra, Ecinho, Os filhos do velho Marins, Dabarrinha (da rua do Meio) Teteu, Telmo de Zica, Sylvio Araponga, Elmo de seu Pepeu, Zezinho Crespo, Cadinho e Ralph, enfim toda um gama de infâncias que faziam dos arrastões uma melodia de gritos e sentimentos de ganhos que transcendiam o puro apanhamento dos peixes para se tornarem uma glória só em participar de fatos pelas madrugadas.

Era como uma conquista sair de casa, agasalhar-se dos frios de Julho e Agosto e voltar com as medalhas orgulhosamente conquistadas na busca de redes e de peixes ainda pulando em querências e sofrimentos.

A gente até esquecia as preocupações maternas que nos acompanhavam os tímpanos com gritos até o portão.

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Cuidado com os ferrões dos Bagres e dos Guris. Ainda é madrugada e vocês podem se ferrar. A gente não estava nem ai. Muitos de nós se ferravam e quem tinha que nos atender era o seu Aluisio e Juquinha nas manhãs já de sol a pino na Casa de Caridade. A dor de uma ferrada de Guri só quem a teve que pode avaliar. Mas estas não impediam a nossa volta para os outros arrastões que eram aguardados com ânsia e desejo coletivo de todas as adolescências.

As crianças da Rua do Meio, além do autor, Claudio Moacyr, Telmo Azevedo, Levy Correa da Silva todos tinham, nas mãos e braços as fisgadas doloridas e de belas lembranças dos Gurís e Bagres...

As crianças são iguais em toda esta façanha movida pela conquista de horizontes novos e inexplorados. O “Arrastão era esta conquista que a gente sabia ser algo mais que nosso. Era algo do coletivo do conjuntos de inconsciências. Algo que, involuntariamente criava uma socialização onde o trabalho de um tinha o esforço do outro.

Alguns gozadores teimavam em apenas segurarem as cordas num fingimento belo de um engajamento solitário. Só que os gritos uníssonos de quando se fazia o recolhimento das cordas não deixava que o malandro continuasse enganando. Era ai que a força ficava uma só e a rede vinha pululando com milhares de sardinhas, gordinhos, robaletes, peixe espada, parguinhos, guris, Bagres, pescadinhas, maimbás, cirys, camarões e outras dezenas que a gente ia catando enquanto os donos da pesca iam pegando os peixes grandes.

A volta para casa era um só festejamento, um linda voltar que nunca mais se ouve nas belas e virgens águas dos mares macaenses...

Sempre que podia as mães e avós nos presenteavam com os famosos bolinhos de comida feitos nas mãos que amassavam todo o conteúdo do prato. Até hoje busco saber porque as crianças comem todo o prato e repetem quando eles são feitos e servidos na mão das mães e avós. Seria o amassar da mistura que dava o sabor do desejante ou era mesmo a busca do avião imaginário ou do soldado que as crianças abriam a boca e o bocão e pediam mais?

Mas tarde , já na passagem de menino para jovem as crianças freqüentavam as tardes no “Lar de Maria” e podiam comer os Sonhos e Pastéis feitos também por mãos divinamente existentes na época e que a gente via sair das frigideiras quentíssimos. Era feitos por Dona Zenita, ora por Sula Viera, vez por outra por Madaí, servidos pela mãos de Vovô Idibaldo, que ainda moia o caldo de cana. Seu Pepeu, Peixotão e Ary, Nini irmã de Elmo e Voney, ficavam na espera para assumir o trabalho voluntário que marcou a existencia de muitos de nossa geraçao de jovens/meninos...

A noitinha, antes do Sol ir embora era trocar Gibi com Chico Gibi, Boca de Bagre e Lalá. Lalá sempre tinha grande coleção de velhos Rock Lane, Don Chicote e Fantasma que trocava na base de 3 x 1 desde que o Gibi fosse novo.

O velho “Nhozinho” Agostinho vendia as sobras que eram renegociados nas praças por centenas de crianças. Alguns até trocavam Gibi por Bolebas ou por Pião. Fato é que nenhum voltava para casa sem um comerciozinho artesanal. Muitos levavam espigas ou tombos dos mais malandros mais todos se alimentavam da bela ilusão infantil de ter tido novos contactos e novos amigos reais...

7.2.07

POEMA DE ZÉ PEIXOTO EM AGRADECIMENTO...

Quem acredita que a genética vem de milhares de anos percorrendo as veias dos humanos vai entender pq José Peixoto do Valle está sobrinho do Peixotinho das materializações...
Caro Jose Milbs
Agradeço os seus elogios ,mas não sou merecedor.
EM TROVAS
Nos caminhos da vida
Bons amigos encontrei
Você José Milbs é um
Que jamais esquecerei
José Peixoto
Macaé 03-01-07
tel-81268342
Rua cesar para crespu 53 -jardim santo antonio -aroeira
cep-27945-010