Boas vindas

Que todos possam, como estou fazendo, espalharem pingos e respingos de suas memórias.
Passando para as novas gerações o belo que a gente viveu.
(José Milbs, editor)

28.1.08

VELHOS TEMPOS QUANDO EU E LULA FOMOS PADRINHOS DE ALMIR E IVÃNIA....

Cercado, alto, outono, árvores

DE VOLTA AO SÍTIO E A EXISTENCIA DO SENAI NA VIDA DE MACAÉ NOS ANOS DE 1950

JOSE MILBSDE LACERDA GAMA

Volto a morar no sítio VISTA ALEGRE de propriedade de minha mãe Ecila, que preocupada com minha vontade de sair da cidade e morar numa"Casinha Branca de varanda para ver o Sol nascer", não me querendo nas estrada da vida, trocou seu terreno da Rua do Meio por este paraíso.
Foi muito difícil à mudança. Sair do Centro da Cidade, com tudo em volta e cair numa "Casinha Branca de varanda um quintal de mato verde", é poético mas não era lá confortável.

Deixo a Rua Visconde de Quissamã onde vivi durante 24 anos. Foi uma mudança radical nos costumes. Aqui tudo é diferente. Ao invés do barulho dos carros do prédio de 10 andares e suas buzinas mal educadas, pássaros cantam ao amanhecer e pombas revoam na casa ao cair da tarde.

Sinto que sítio é algo muito além do paraíso. E divino. Ontem, ao acordar pelas 6:30 horas fui até o quintal. Após o pru... pru.. pru Do chamamento à Galinha e ao frango que devem começar minha criação, fui saudado pelo "Pretinho" um cachorrinho que nunca foi embora do sítio apesar de não ter ninguém lá. O balançar de seu rabo e a meiguice de seu olhar de ternura me faz entender da frase de um colega cronista que disse preferia um cachorro amigo a um amigo cachorro.

Bem ao centro do terreno, sacudindo penas molhadas, um Tiziu, uma Cambaxirra e um Sanhaço dão boas vindas à chuva que cai. Parece que eles, no silêncio que barulhenta os grandes ensinamentos do universo, sentem, no gotejar do outono, que tudo ainda não está totalmente perdido. Parecem dizer, na linguagem dos pássaros: O SONHO NÃO ACABOU...

Olho em redor da grama que plantei no ano passado. Bailam felizes seus brotos. São saudações da natureza com a chuva que cai mansa, compassada, com integração. Colho as amoras molhadas pela chuva que cai. Seus galhos, que antes eu podia colher frutos para alegria do neto João Pedro estão mais altos. Quase não os alcanço. João Pedro cresceu, ficou pesado e os galhos estão longe de minha mão. "Digo para ele que as amoras "lá de cima" são para os passarinhos". Ele aceita minha alternativa...

À minha frente, folhas de Flamboayans e Acácias que plantei na época da Contra Cultura parecem me dizer clara e abertamente: "Não disse? Voltou... Bem feito". Ninguém pode dizer desta não beberei. Você agora está de volta a natureza. Não foi atôa que sua cabeça foi feita no Movimento Hippies dos anos 70. A Paz e o Amor não morrem. A gente é que se vai. Será que folhas de árvores falam - no silêncio do balbuciar de seus balanceamentos ao vento das chuvas de Março?

Curvo-me diante do encantamento que a natureza irradia. Volto aos anos 70 e começa a formar-me, dentro do lacrimal uma pequena partícula do choro.É-me difícil até corresponder ao agrado de "Pretinho" e teimo em não ver o arrulhar do casal de pombos no pé de abacate. Foi muito mais forte a lembrança dos dias alegres da contra cultura, dos Hippies, das noites das viagens de ácido e das catanças dos cogumelos de boi e de galinha.

Na minha velha mente cansada de tantos pensamentos, vieram à tona as pessoas da Paz e Amor, das exposições de pulseiras nas calçadas da Rua Direita e das felizes noites em volta das fogueiras no Lagomar. Pensei chorar. Era uma gota de lágrima que, caindo do rosto, foi de encontro às gotas da chuva criadora, misturando-se e indo servir de alento a pequenas gramas que estavam precisando de água para continuar a vida. Amalgamaram-sc minha lágrima e a chuva. Juntas formaram substâncias para a transformação de novos seres na relva.
Vêm em minha retina as andanças na Praia do Forte. Os nados até os "Tocos", as idas e vindas até a "Pororoca", as pescas de "Muriongos", "Guris" e "Sardinhas" no Cais do Mercado. Revejo minhas caminhadas, os banhos e mergulhos nas águas límpidas do Rio Macaé no Cais do Mercado de Peixe.

Belas sementes dos Flambyaians e dos Ipês que caíram no final de novembro, pedindo à chuva que veio no final de dezembro, onde pequeninas mudas brotam, já neste meado de verão. A terra molhada é saudada pelo Sol que se mistura a chuva dando a entender que esta ali para contrabalançar o nascimento das plantas que revigoram a vida e prova a existência do belo. Será que tudo isso, todo este belo natural não toca a mente dos governantes do mundo que teimam e criar o "Fim do Mundo" com o Esquentamento da Terra?

Volto ao Sítio e desta vez para sempre...

II

ERAMOS 36...

Do SENAI quem não se lembra? Era mesmo ESCOLA FERROVIÁRIA 8 -1 SENAI. A história conta e, dela participa meia cidade de Macaé, que não havia ensino de melhor qualidade. Eu, particularmente, guardo as melhores e mais felizes recordações.

Minha turma tinha 36 alunos que mais tarde, com a entrada de Telmo no 2° ano, ficou com 37. ÉRAMOS 37 colegas e hoje somos 37 amigos.

Embora tenhamos sido espalhados por toda a sorte de atividades, quando nos encontramos existe uma forte comunicação que leva a um passado de recordações e peripécias infantis.

No SENAI a gente entrava com 13 anos e saia com 15. Até a minha turma, todos eram aproveitados pela Estrada de Ferro Leopoldina. Depois que a Rede não mais abserveu os alunos, todos fomos espalhados por este Brasil a fóra. Alguns foram para São Paulo, muitos para o Rio de Janeiro e a maioria para Arraial do Cabo, mais precisamente na Álcalis.

Até hoje não entendi por que a Leopoldina deixou de absorver-nos. Quando Almir da Silva Lima se casou com Ivânia Ribeiro eu o atual Presidente da República do Brasil, Luiz Inácio da Silva, fomos seus padrinhos no religioso. Era ainda o Lula das alegres histórias, das bicadas alegres numa boa birita e um sorriso matreiro de menino de interior de Pernambuco.

Conversei com aquele Lula, quando de sua estada em Macaé. Estávamos sentado a sós em uma mesa. Falamos da fundação do PT, da presença em Macaé de Antonio Marcus, amigo dele e que me ajudou a fundar no Rio de Janeiro (macaé)o primeiro núcleo do partido, falamos do escritoriozinho debaixo da ponte/viaduto onde se podia ver e ouvir o Airton Soares e as histórias da galera de Diadema, notadamento dos metalúrgicos que me ajudaram a criar o PT em Macaé.

Lula disse também ter sido aluno de um SENAI. Também não entendeu esta perda para Macaé e prometou rever isso se ele fosse eleito Presidente. Naquela época eu era dirigente do partido e acreditava que o Partido dos Trabalhadores iria transformar a sociedade.

No SENAI haviam profissões como Carpinteiro, Ajustador-torneiro, Torneiro, Caldeireiro, Ferreiro, eletricista e Soldador. Eu era Ajustador Torneiro com estágio de primeiro ano cm Torno e Caldeiraria. Ter sido aluno-aprendiz de Seu Rubens (bom cabelo) na Caldeiraria, de Wilson Santos e seu Antonio (Garfante) na Ajustagem, de Seu João (Gordo) na ferraria, de Waldyr (Bicudo) na Carpintaria, Mozart Leão e seu Orlando na Tornearia e ter Higino e Amaral como instrutores chefes foram etapas que marcaram todo o afetivo de minha geração nos anos 50.

Nossa turma era: "Binho" Ramalho Tônico Soutinho - Hélio Caetano "Meu de Fé" - Adilson - Paulinho Loureiro - Vilmar "Pé de Tábua" - Paulo Fernandes - Walmir "Galo" - "Perinho" Assis. "Bebeto"Bacellar - Jorge "Jornaleiro" - Walter "Gordo" - Neri Cezar - José Luiz "Nervosinho" - Hugo - Cemi - Lacy - Wallace "Marujo" - José "Grosso" Manhães- João Batista "Fanhoso" - José Bastos "Ciri" - Joamir - "Amaralzinho" - Hugo- Reinaldo - Edno Barcellos - "Leíca" (Auleir) - Alcenor - Laurely - Maury Vianna - Ivan "Coruja" Drumond - Aroldo Marins - Tinoco - Telmo "Bacurau" - Aryzinho - Jonas Moreira e Roberto Marotti.

Walter Araújo morava nos Cajueiros. Era uma espécie de Xerife do Bairro. Foi ele quem me introduziu lá. Quem não fosse pela sua mão, dificilmente era bem chegado na turma dos Cajueiros. O mesmo na Aroeira com "João Fanhoso," na Barra do Rio Macaé com Nery Cezar Pinto ou no Centro com Hugo, Bacellar e "Perinho".

A turma que vinha do interior como Edno (Quissamã), Alcenor, Marotti, "Meu de Fé" e Laurely era obrigada a curtir as gozações de " Jorge Jornaleiro". Era a porta aberta para que se forjassem grandes amizades.

Gente simples como Lacy tinha trânsito em todas as áreas do nosso mundo. "Fazia parte dos sorrisos que brotavam de Maury, "Alvinho", Joamir e "Amaralzinho" que não entravam nas 'brabas" mas concordavam em tudo. Até torciam para que tudo desse certo.

Cemi, Bacellar, Hugo, Neri, Reinaldo, Telmo e "Pingüin" formavam com "Perinho" e "Jornaleiro" o que seria a "gang" da época. "Desde inventar machucados com martelos para irem aos curativos de dona Olga, passando pela expropriação das braçadeiras de "Zé Grosso" até serem proibidos de freqüentarem a 'Oficina Geral" e tomar banhos nos chuveiros que caiam águas torrenciais e diretas. Muitos destes amigos que sito no textos tiveram que sair antes de terminarem o curso total dos 3 anos.

Esta semana estive com Reinaldo e Roberto Marotti e os mesmos gostariam de marcar um encontro dos ex-alunos. Falavam até cm formar uma Associação dos Ex-alunos do SENAI. Uma boa idéia que passo para todos. Seria até uma maneira de, além das alegrias que o fato iria consolidar, uma hora para homenagear os que partiram como "Marujo",Telmo, "Pé de Tábua", Hugo, Aroldo, "Walter Gordo", João Batista (Fanhoso), Laurely, Auleir e "Binho Ramalho".

Seria até uma maneira de incentivar a volta de uma luta pela criação dos SENAIs em nossa E.F. Leopoldina. (José Milbs de Lacerda Gama editor de www.jornalorebate.com )

24.1.08

A MORTE DE PEDRO MULINHA LEVA MUITAS HISTÓRIAS DA REGIÃO DE PETRÓLEO

O Telefone do O REBATE toca e, do outro lado da linha, a vóz amiga do Venício de Oliveira comunica a morte de "Pedro Mulinha". Grande pescador de nossa saudosa "Pororoca", dos antigos encontros do Rio Macaé com o Mar bravio que batia, alegre e exuberante nas Pedras do Mercado de Peixes...
Pedro foi ferrovário, pescador e político sem nunca ter se candidatado a nenhum cargo em nossa região de Petróleo. Um grande atleta, nadador, fazia de seu pequeno barco de pesca, nos anos 60/70 travessias nas idas e vindas das Ilhas Nativas do Farol e do Francês.
Era um dos mais antigos moradores das imediações do Marcado até a Rua do Meio. Fervoroso adpto da Lyra dos Conspiradores. Pedrinho enveleceu mais não perdeu o diminuitico de seu nome. Não conheço ninguem que o tenha chamado de "seu Pedro". Era no nosso Pedrinho Mulinha, alcunha que obedecia o chamamento e era querido por todos que tiveram o alegre prazer de conviver com ele.
Assim como pedrinho,
Zé Bonito, Manél Cotôco, Bino, Generino, Zé Honório, Pagé, AryCareca,Azuíl, Capitão Waldyr, Fubá e outros de sua geração fizeram história na região.

Amigos de farda ou de trabalho de meu pai, Djecyr Nunes da Gama, deram-me o conhecimento exterior de sua personalidade. Filho sempre procura espelho e neste sempre está à presença paterna. Não é de se estranhar esta projeção. Faz parte da própria genética. Era muito comum se ouvir: “O pau não fica longe do cavaco”, ou “se parece muito com o pai, mesmo não sendo criado junto”. A mistura dos sangues e a presença dos caracteres dos antepassados estão ai a desafiar a ciência e a cada instante surpreende mais e mais os mais sábios. Por isso quero estender aos Pedros de sua geração os sentimentos de toda a familia ferroviária.

Gostava muito de ouvir os comentários sobre meu pai das pessoas que conviveram com ele, já que não tive este privilégio e que hoje dou aos meus filhos. Companheiro de sua profissão de Sapateiro como o “seu” Zé Bonito, um homem extremamente sincero que sempre quando se referia ao meu pai era com um brilho de carinho nos olhos profundamente puros e com uma voz extremamente saudosa, fazia-me bem conversar. Às vezes ficava horas e horas, menino de calças curtas, cabelos arrepiados e canelas finas, sentados nas bancadas das antigas sapatarias a ouvir os “recuerdos” destes “hombres” de fina memória e alegres sorrisos.

Pedrinho sabia das muitas e muitas passagens que se davam nas esquinas das ruas de Macaé até Cabo Frio.

Pude observar as pessoas que conviveram com meu pai e fui vendo que ele era um homem extremamente humano e bom. Para um filho saber de seu pai é muito importante isso. Pedro Mulinha conviveu com o Gama e ele sabia diferenciar, no riscar de olhos, quem o tinha como amigo ou não. Cimentei minha formação sobre ele em fatos ouvidos e sentidos. Pessoas passam e as histórias ficam.

MACAÉ TEM SUA HISTORIA e esta tem o forjamento em pessoas simples, sangue vermelho de fato e que construiu seus alicerces em andanças puras por estas ruas, hoje asfaltadas, mais que não apagam as passadas nas poeiras puras sem a contaminação social que a elite que se tranca em mansões pode oferecer.


Uma cidade tem que ter recordações de seus vultos populares e notadamente conhecidos puros. Eles são a verdadeira noçao de sua história.

Foi neste pequeno Fiapo de Memória que passo algumas lembranças que dormiam. Lembranças que, talvez batendo em outras pessoas, possam criar novas lembranças de um tempo que habita a mente de cada um de nós.(jose Milbs editor de O REBATE

18.1.08

ONDE NASCIA A BOEMIA DA REGIÃO DE PETROLEO NOS ANOS 60...

A FALA DE AROLDO MEIRELES O SERESTEIRO

Macaé rompeu o milênio e com ela o Velho seresteiro de 80 anos e um pulmão de fazer inveja. Aroldo Meireles chegou à Macaé nos anos 40, com o ele mesmo me disse, no dia 2 de setembro de l943 quando a cidade, ainda com nuvens de um sol meio tímido, recebia os acordes das madrugadas com as retretas da "Lyra dos Conspiradores" e da "Sociedade Musical Nova Aurora."

Eles vieram para a cidade e sua irmã casou se com uma família tradicional da Rua do Meio. Casou se com Décio Viana, filho de dona Maria e de seu Bráulio que moravam perto da cocheira da Prefeitura onde a gente jogava futebol. Esta cocheira ficava a uns 30 metros da Praia de Imbetiba ainda sem muralhas, sem pedras sufocantes e navios jogando cocos e mijos internacionais. Era ali que as crianças jogavam bolas de meia, peladas, papão e triângulos à vera. Muitos fazima do Pião de Roda as mais difíceis jogadas que iam de Pegar o Pião na Unha ou jogar e "aparar na palma da mão...

II

Conta Aroldo que, depois, se casou com sua atual e sempre companheira que era filha do ferroviário" papa-capim" que, também, era pai de "Waldyr Mergulhão" que toda a cidade conheceu nos bons tempos de mergulhos no "Rodrigo" e nas "Pedras do Hotel de Imbetiba"

Com Célia Viana Meireles ele teve l0 filhos dos quais, apenas 5, sobreviveram a uma vida de luta e de dificuldades cujo sustento vinha como Lustrador da Marcenaria do "Manduquinha", "pater-mater" de toda musicalidade desta cidade de sol aberto e luar tímido.

Aroldo, é filho de pais também ligados a música. Seu pai Violeiro e sua mãe Cantora de Igreja em Cabo Frio. Quem não teve a felicidade de ouvir e ter contacto com este velho seresteiro que procure os "das antigas".

As noites macaenses já se acostumaram com este homem de corpo extremamente franzino, cabelos brancos, corpo arquejado, de pele enrugada e deliciosamente pura e quente que canta músicas de Nelson Gonçalves, Orlando Silva, Dorival Caymme, Carlos Galhardo, Chico Alves e Ary Barroso.

Senhor de um domínio fora do comum de palco, sua voz já harmoniza- se com a divindade em tardes noites durante anos a fio. Aroldo não canta. Ele se faz veiculo da voz. Não tinha e não tem lugar certo para encantar as pessoas. Canta em bares, casas noturnas, boites e cantarola nas praças quando busca tomar condução para sua casinha simples no Bairro de Aroeira.

Da rua do Meio recorda de "Meca"o ferroviário que gerenciava a saída do "Bloco do Independente" e sorri de amor, em canto de lábio maneiro, quando se refere a "Titinha" nossa "Mãe do Samba dos anos 40". Ele me concedeu este entrevista quando fazia Niver e me viu sentado numas das bocadas das noites macaenses.

E continuava a falar o seresteiro:

III - OS MEIRELLIS

Orgulha-se de ter l5 irmãos, todos Meireles vindos de Niterói, uma família que ele diz não ter nada com os Meireles de Ricardo Vieira nem de Carlinhos da Sucan. Eles são meus amigos, me aplaudem quando canto mais sua genética é outra - fala orgulhoso de seus ascestrais.

Sua fala ainda mantém o brilho das madrugadas e de um corpo que dificilmente será tombado ainda. Uma mente privilegiada ele tem suas histórias ligadas as essências macaenses e mantém a velha dignidade dos grandes das noites.

Aroldo ainda é dos poucos que chama me de "Pinguin", um apelido que soa ainda com gosto de meninice e afeto. De sua voz sai sonora e faz com que a classificaçao dele de "O velho Pinguin da Rua do Meio" me jogo no lindo labirinto alegre e feliz nas lembrança de meus tempos de menino na Rua Doutor Bueno, 180...

Aroldo faz parte de um tempo onde reinava o bom gosto das vozes de Osmar Rocha, pai de "Osmarzinho do Cartório das Pequenas Causas".

Osmar ornamentava as noites de Domingo no Ipiranga onde Armando Marconi, que morava no Hotel Tupã na Praça Veríssimo de Mello, fazia com que o piano tivesse entrada sem porta nas articuladas junções dos auditivos desta época de amor brilhante.

Às vezes Osmar chegava meio atrasado para finalizar as tardes noites e o velho Armando se impacientava e repetia musicas que eram sempre acompanhadas por Charutinho, Dulcilano e Shirley Sampaio.

"Cansado de Tanto amar.
Eu quis um dia criar.
Na minha imaginação...
Dei lhe a voz de Dulcinéia.
A malícia de Frinéia
E a pureza de Maria...
Em Gioconda fui buscar.
O sorriso e o olhar.
Em Dubareix o glamord...
E assim, de retalho em retalho, terminei o meu trabalho,
no meu sonho de escultor.
E quando cheguei ao fim...tinha diante de mim...
Você, só você, MEU AMOR"...

Está chegando ao fim esta matéria/entrevista. Finalizando afirmo: ouvi Osmar Rocha cantar Nelson Gonçalves e e vi Nelson, sentado na minha mesa, na "Fazenda Meu Descanso" do ex- deputado Carlos de Freitas Quintella aplaudir e abraçar Osmar Rocha e Aroldo Meirellis pelas lindas vozes na noite das serestas macaenses.

Nelson Gonçalves e seu filho Nelsinho estavam em minha mesa e pude olhar nos olhos do velho seresteiro a felicidade em ter sido clonado tão bem.

Era lá, na fazenda Deputado e Seresteiro Carlos de Freitas Quintella, que se completava as noites macaenses nos anos 60. (José Milbs, editor de www.jornalorebate.com )

13.1.08

DENUNCIA DE CORRUPÇAO ATE EM ELEIÇÃO DO CONSELHO TUTELAR. É DEMAIS...

LEITORES DENUNCIAM O QUE TODO MUNDO FALA ' A BOCA PEQUENA EM MACAÉ. UMA VERGONHA. ONDE FICA A MORAL DESTA GENTE?

Este é um e-mail de pedido de informações via http://www.jornalorebate.com.br/site de
ze milbs <josemilbs@jornalrebate.com>

O objetivo deste e-mail é sugerir a cobertura deste Jornal na Eleição para Conselheiro Tutelar que será realizada amanhã (14/01/08) no Tênis Clube da Praça Veríssimo de Mello, das 9 às 17 horas. Creio que a presença da Imprensa irá inibir, pelo menos um pouco, a ação daqueles que querem a qualquer preço eleger seus "afilhados". Não é à toa que a eleição de 3 de dezembro foi CANCELADA. O que presenciei lá só podia dar nisso. Muitos eleitores sairam sem votar, devido a falta de organização naquele local, acho eu, que de propósito, para favorecimento de "alguns" que tinham lá seus "padrinhos", conhecidíssimos e "poderosos" que por apelarem tanto, foi constatado que 72 eleitores votaram duas vezes. Mas como isso é possível!? Ao votarmos, temos que assinar uma listagem; se tentarmos novamente, lá está a assinatura constando que já votamos. A não ser que "alguns integrantes" da mesa estavam coniventes com a falcatrua, que só foi desmascarada através da recontagem de votos, fato ocorrido depois de muita luta junto ao Ministério Público. Os principais meios de comunicação da cidade não estão divulgando a Eleição de amanhã. Por quê? Não sei. Gostaria de contar com o apoio de vocês nesse sentido.
Desde já obrigada/Ivone

10.1.08

COISAS DA RUA DO MEIO II UMA VIAGEM AO REDOR DA MENTE...

Domingo estive na Rua Doutor Bueno que, na minha infância tinha o nome de Rua do Meio. Quem criou este nome foram os velhos ferroviários nos anos 30/40 quando iam, pelas vielas e pequenos trechos feitos com picadas de pés e mãos, até a Estrada de Ferro de Imbetiba. Era ali, banhado pelo sabor dos ventos dos mares bravios da Praia de Imbetiba e soprada pelos frios aromas das marezias que entravam pelas narinas humanas e refrescavam as mentes.
Ventos que saiam das Ilhas Nativas e iam ao encontro dos humanos destes anos felizes de uma cidade alegre e dorminhoca...
Vai dai que relembro este texto:

Coisas da Rua do Meio II
Ruas: Poça, Igualdade e do Meio
José Milbs

A rua do "Meio" não tinha o nome de Dr. Bueno. Era do Meio porque só haviam duas picadas que levavam os moradores até a praia de Imbetiba.
Uma picada era pela rua da "Poça", hoje Luiz Belegard, homenagem ao engenheiro francês que projetou Macaé e a picada da rua do cemitério, hoje rua da Igualdade. Não havia ainda nenhum calçamento e as árvores abrigavam sombras até a praia.
Num livro que fiz de crônicas, afirmei que as ondas do mar vinham até nossas casas. Reafirmo. Ali onde hoje tem uns prédios de Atendimentos Médicos tinha formação de areias que o mar trazia nas lindas e românticas tardes de ressaca.
Thiers Pereira de Azevedo, Aluisio Andrade, Seu Oswaldo, Benildo Amado, José de Moura Santos, Benedito Gama, Celso Barbosa, Elso Froes (Pudim), Erotildes Monteiro, Darcy Pires, Lulu Pinto, Rubens Patrocínio, Sebastião da Silva Rosa, Tião, Sargento Pires(pai) , Seu Roberto. Simário, Meca, seu Demistoclates todos homens que faziam a história desta Rua com suas famílias e seus amigos. Digamos que estes são os verdadeiros pilares desta Rua...
Como não deixar que fixe na memória a doce presença de doutor Manoel Marques Monteiro e a sua dona Santinha Barreto Monteiro? Seus filhos "Alaydinha" e Geraldo que, estudando em Campos o segundo grau, vinha sempre em ferias e brincávamos na chácara que ia da Rua do Sacramento até a Rua do Meio.
E o negro "Pavuna" .que nos fazia as vontades em frutas colhidas sempre prontas e deliciosas?
Seu "Pavuna" era um remanescente das bondades humanas e residiu em Macaé nos meados dos anos 50 e 60. Poucas pessoas tiveram o divino prazer de conhecer sua figura arquejada e bela. A sua bondade, estraída do olhar cimentava se na gentileza da fala, que ao sair, entrava por nossa existência e deitava em nosso entendimento de criança como fórmula mágica de falas dos contos infantis, e noturnos, que tanto se diz nos Contos de Fadas. Pavuna era mesmo um mágico. Um Negro Mágico saído e vivido ...
Geraldo cresceu e se casou com "Alicinha", filha de Carlos Maia e Lucy e irmã de Beth. "Alaydinha" se casou com "Paulinho" Barreto filho de dona Hilda e seu José da Cunha Barreto. Uma mistura de Barretos que espalhou ainda mais estas duas famílias tradicionais de Campos e Macaé.
A vida nesta Rua tinha mesmo o frescor de brisa cheirada a rosa e peixe fresco. Vez ou outra uma ida a rua do Cemitério para jogadas de peladas no campinho em frente a casa de "Cabo Frio" de dona Sebastiana, perto onde mora hoje "Paulinho Ligeireza", Paulinho Cara de Vaca", "Calombo" e "Otinho". Outras vezes uns pulos e nados nos "Paus da Praia do Forte" nos fundos da casa onde morava Maday de seu Barbosa. Seu Barbosa ainda mantinha a simpatia no sorriso dos primeiros nordestinos vindos para cá. Mais tarde foi porteiro do Tenys Clube e fazia vistas grossas nas nossas entradas furtivas nos Bailes de Carnaval pulando pelos muros da "Vila São José"
Falar nisso, será que ainda existem os famosos "Paus da Praia do Forte" que serviram no passado para amarração de barcos e que a meninada ia a nado contando os troféus de cada "pau" que se conseguia chegar em braçadas leves e pequeninas?
As vezes que tenho ido nas cercanias da Praia do Forte e passo pela verdadeira Rua de Pedra do Litoral do Estado, vejo dezenas de casas tampando o acesso aos saudosos "Paus" de nados infantis de centenas de contemporâneos. Será que ainda existe como inexiste, em seu formato e forma o "Farol Velho de Imbetiba"? Tinha vontade de saber, Talvez Cláudio Santos, que mora por perto ou mesmo os "Camolezes" me informem um dia.
Quem sabe os freqüentadores do "Bico da Coruja" possam dizer desta curiosidade cristalina.
2
'IVANZINHO
A memória e a tentativa de transpor o imaginário e faze-lo fluir para os dedos e, destes, formalizar algo que possa ser lido é a maneira que busco encontrar de uma forma especial sem me preocupar com detalhes de datas. Até porque nunca fui muito de guardar datas e números. Por isso é que quando me irmão Ivan Sérgio, que, atualmente mora em São Paulo, lembrava que a Rua do "Meio", no seu tempo de criança,, em época de ressaca, o mar jogava água na frente de nossa casa eu disse a ele que "no nosso quintal, se achava conchas e pedras brancas trazidas pelo esverdeado e puro mar de minha infância".
As ondas quebravam onde tem hoje um horroroso muro de cimento e vinha abrindo a sua passagem natural até onde a natureza lhe permitia ir. Passava ainda com força pela casa de Nascimento, ia se revigorando nas descaídas da Rua em frente a casa de Dona Maria de Seu Bráulio, pai de Icinho, Dalci, Décio e Delvan , fazia contorno em espumas, ainda moribundas e límpidas, na frente da casa de Titinha e Cecéia e ia morrer, lenta e graciosa na minhas casa e nas casas de Pequenino e seu Rubens. Podem perguntar a quem tem mais de 60 anos.
Hoje a Praia de Imbetiba não existe. Ou melhor se transformou num imenso cais onde se espera, a cada instante, um grande vazamento que a transformará mundialmente em mais uma destruição que a busco de algo que acabará em breve. Alguns milhares de dólares serão pagos ao município que, por sua vez se calará, terá um prefeito qualquer homenageado com jantar e passeios de Helicóptero e a cidade se esvaindo, esvaindo aos poucos do que lhe resta de belo.
O mar foi domesticado e nas águas teimosas, ainda esverdeadas, se pode ver cocos, óleos, estopas e cheiro de mijo em uma areia que, não recebendo as ondas do mar para lhe banhar, virou terra amarela e suja. Antes eram os Carangueijos, Ciris, Tatuis e larvas que lhe faziam o belo da existencia. Hoje são ratos, baratas, mosquitos que ornam a destuição humana neste lindo recanto de belezas antigas.
Ainda se pode ver alguns nativos corajosos se banhando nas águas de Imbetiba no inicio deste século.
Ivan Sérgio, meu irmão menor, brincava com "Fernandinho", Matheus, "Mundinho", "Nelsinho" de Irene e Darcilio , com "Nelsinho", "Beto", Eduardo de dona Elsa e Darcy, Hermínio e Enir de Seu Elias do Hospital, "Zé Pretinho" de seu "João Gordo", com "Manoel Juca" de seu Salvador, com "Braulinho", "Juca" de Ceni e Bráulio e vez ou outra com os maiores que eram de minha turma.
As peladas eram no "Campinho do Areal", no "Campinho do Cemitério", e no "Campinho da Cocheira" e muitas das melhores e animadas peladas eram em plena rua com tamancos servindo de traves e jogadas com "bola de meia".
Ivan teve uma linda infância como todas as nossas. Hoje ainda volta as nossas ruas e, em busca de seu passado, corre as casas das ruas que lhe viram menino nas ruas empoeiradas de Macaé. Assim como o autor ele conserva o Sitio que nossa mãe Ecila nos deixou com a recomendação de que "todos seus descendentes façam suas moradas e que nenhum de seus netos e bisnetos fiquem sem algum pedadinho de terra para plantar e morar". Desejo que estamos mantendo...
3
AS NOITES DE LUAR
Um dia quando se fizer a história do belo das ondas bravias da praia de Imbetiba, teremos que dizer do pecado que foi transformar essa linda praia, única de areia grossa no litoral, em píer de petróleo.
A beleza das noites de luar de Imbetiba e seus vaga-lumes deram lugar aos pisca-pisca de barcos multinacionais.
O voar -livre de tesoureiros e gaivotas foram substituídos por helicópteros, cocôs de gringos e plásticos que passaram a boiar tranqüilamente nas ondas domesticadas por enormes pedregulhos. Seria este o fim do amaldiçoamento de Coqueiro ou o verdadeiro começo do amaldiçoamento?
Imbetiba de tardes de verão e aconchego belo não existe mais. Ë um amontoado de lamas, plásticos e gente que nem "Bom Dia", "Boa Tarde" e "Boa Noite" sabem existir . As casas onde moravam os primeiros veranistas vindo de Campos, como o simpático Pereira Pinto, com sua elegante roupagem e bengala de madrepérola, não existem mais. É um amontoado de guetos, prostíbulos e barracas de mal gosto. Aquele correr de casas que ficavam fechadas durante o ano e que se abriam nos meses de novembro até março e que nos trazia lindas e belas campistas estão abarrotadas de lixo e a espera da abertura do novos rend_vous que, mansa e delicadamente vai sendo feito sob os olhares "complacentes" das autoridades políticas e policiais.
É final de anos 2007 e inicio de 2008 onde as historias contadas na Orla da Praia são outras diferentes das contadas por nossos pais e avós. São historias misturadas com AIDS, Drogas e corrupção de menores que se amalgam a gringalhada maluca que desce nos navios ancorados ao longo da ilha do papagaio.
É a Praça Mauá bem ao modo Tupiniquins com cheio de óleo, coco e mijo internacionalizado...
Estava este texto pronto para enviar para publicação quando recebi de meu querido irmão, Ivan Sergio de Lacerda Gama, o e-mail que publico abaixo. Ele tem 12 anos a menos que eu. Nasceu no Bairro de Jacarezinho, no Rio de Janeiro onde morava eu com minha mãe. Claro que ele não se lembra mais foi muito paparicado no bairro. A gente morava num casa de esquina, perto do morro, com uma praça em frente. Era um bairro calmo mestes anos de 1950. Todos os moradores se cumprimentavam como qualquer cidade de interior. O Rio de Janeiro era um lugar feliz de se viver nestes anos. Nossa mãe trabalhava na Escola Nacional de Musica, na rua do Passeio e na Universidade de Brasil na Urca. Quando Ivan ai, na Escola de Musica era uma festa. Ivonildes Sodré e outras mestres desdes anos de luz e paz faziam passeatas com ele mo colo. Subia e descia a linda escada de Pinho de Riga que ornava o local. Quando ele era levado para Escola de Educação Fisica e Desportos na Urca a alegria era a mesma. Desde Pelegrino Jr a Pedro Calmon era uma só alegria. Claro que eu ficava meio de lado nestas homenagens. Tinha já 12 anos...
Ivan veio morar em Macaé e vim junto. Ele tinha 8 meses e nossa Dinda, minha avó Alice Lacerda, a meiga Dona Nhasinha, criou a gente...
Caro Milbinho:
Ao ler "coisas da rua do meio" lembrei-me de outros personagens e fatos de minha infância que, quando você tenha espaço, poderiam ser citados :
- A chácara de Dr. Marques (roubávamos frutas e recebíamos tiros de sal grosso).
- Meu amigo Tadeu (irmão de elmo , Bibinho grandes jogadores de futebol).
- O MINA apelido do hoje importante Dr. Nelson filho de Elza e Sgto. Darci
- Dona Pequena e o seu filho que não me lembro o nome.
- A casa de Tio Jonas e Tia Ondina (quintal imenso e que Dinda guardava os lençóis etc. e que eu coloquei fogo tentando acender o nosso fogareiro JACARÉ de querosene queimando inclusive suas lingüiças que ficavam penduradas no teto da cozinha). (levei muitos cascudos de Djecila e Marly (mulher de Helan)).
- De Estela e Seu Gualberto (avô de Gualbertinho professor de karatê e Estelinha além de Área e Gualter (vinham do Rio de passar Férias)).
- Néinha que patrocinava as corridas entre nós os moleques da época. ((Não lembro o nome do pai e da irmã dela) moravam ao lado da casa de Rubens Patrocínio)
- Renata (Pelé) irmão de Rubinho Patrocínio e Rosilda)
- Sueli e irmãs filhas de D. Jacira e Pires
(A grande amiga e vizinha de Dinda - Dona COTINHA (eu visitava todas as vezes que ia a Macaé) mãe de Mariazinha, Hélia, Nenê etc.)
Dona Durvalina que furava nossas bolas quando caia no seu quintal.
A casa de Tia Doca , Zezinho, Tereza (nossa grande amiga e protetora das estripulias de todos os sobrinhos e primos. O Cuchicholo de Eliete (que sempre cabia mais um) de Antonio Fino , Eduarda e Clarinha)
De Dona Lalate seu Thiers (Mazinha . Cléa)
De Seu Celso (gato de botas) e dona Enedina (pais de Oberlã e Lourdinha)
- De Renatinho (primo de Lúcia - filho de dona Nina e seu Renato) que passava carnaval em Macaé hoje dona da CARMIM em Sampa. (implicava muito com Duduzinho irmão de Lucia).
- (Das idas na praia da fazenda de Amphiilóphio Trindade) Lucia tinha a Chave.
- Dona Nizinha Prata que roubava na víspora.
- Tia Enedina Gama (que implicava com tudo) Tia Elça E Tio Salime Salomão (a bondade em pessoa) Badra
Alguns fatos e personagens fora da rua do meio mas, importantes na minha vida
Beijos
Ivan

1.1.08

EM PLENO REINADO DAS TVs. QUE BANALIZAM O SEXO AINDA SE MORRE POR AMOR

O último dia do ano foi palco de uma morte trágica de uma jovem mulher. Gracinha, menina simples, desde pequena trabalhava para ajudar seus pais. Enquanto estudava à noite batalhava em lojas e padarias na busca de um lugar ao Sol nesta quente e fria cidade da região de Petróleo. Quente pelo nascer e por do Astro Rei que torram suas ruas mal asfaltadas que devem ter enriquecidos prefeitos e empreiteiros corruptos. Fria por que o calor humano, que sempre emana durante os encontros nas esquinas das ruas, estão perdendo o sentido nativo...
Gracinha conheceu Zenildo Silva. Ele também se origina de familia simples. Pais e tios mecânicos por natureza e criação, ela conheceu o amor que seria confirmado em noivado e casamento. Ele, estudando e se especializando nos livros, fez concurso e passou para o Banco do Brasil onde era um excelente funcionário que o levaria a Caixa da Estatal.
Vida comum a todo casal de uma cidade de interior que o cheiro do petróleo embebeda alguns fracos de mente e que se contaminam com o ganho fácil Não era o caso do casal Graça/Zenildo. Visitas diárias aos tios dela e irmãos dele. A vida parecia caminhar para uma tranquilidade que não abria espaços para brigas nem rugas que, as vezes, fustigam alguns casais jovens.
As roupas de Zenildo eram cuidadas com muito carinho por Gracinha que foi criada na simplicidade e aprendeu com sua mãe que "o marido tem que estar sempre bem vestido, roupa passada, sapatos limpos, meios e tudo o mais".
Bonito para ela e bonito para as pessoas que, por certo iriam dizer:" Puxa vida que casamento lindo este"...
Orgulhosa, embora sem filhos, ficava contando as horas que ele iria chegar do BB para comer alguma coisa, assistirem TV ou ir na casa do Velho Zeil pai do Zenildo. Zeil era o orgulho de todos. Mecânico, nacido nas poeiras das ruas de Macaé e poder ver seu filho como um funcionário graduado do BB era coisa de arrepiar todos os amigos. Até o alegre tio de Zenildo, meu particular amigo Carlinhos tinha que dividir seu orgulho com o irmão Zeil. Carlinhos tinha, também a formação mecânica do Zeil e, seu filho era um dos mais conceituados Sergento do Corpo de Bombeiro de Macaé. Haja tanta alegria na familia Silva do velho Manoel Silva que morreu com 102 anos no Bairro do Aeroporto em pleno vigor e lucidez...
As amigas de Graça falavam aos cantos e ventos: "coitada, não sabe de nada. Será que ela não nota que seu amor esta sendo dividido com uma mulher que mora em Rio das Ostras? - Falam até que é uma mulher casada, retrucava um das mais intimas de Graça.
- Acho que alguém tem que contar isso para ela. Não está ficando legal este enganamento. Se ele não gosta mais dela, dizia Dolores que sempre ia fazer unhas no mesmo local de Graça, por que não pede a separação. Sai, discute uma pensão e a pobre menina pode refazer sua vida. Hoje em dia, sentenciava, - as pessoas casam e, não suportando a convivência, separam. Agora isso que está acontecendo com Greaça não está legal. Acho que alguém tem que "abrir os olhos dela"...
Abriram os olhos de Graça. Ela não acreditou. Nunca. Ele não. Isto é coisa de TV. Destas novelas da Globo que criam estas maldades nas mentes menos avisadas de traições. Isto é coisa de novela. Meu marido, o primeiro homem de minha vida, o homem que me fez conhecer o convívio a dois e o amor, jamais. Isto é coisa de gente fofoqueira que não aceita nossa vida alegre, de eu poder levar ele todo o dia no carro para ir para o BB; dele me abraçar feliz e alegre. Não. Zenildo jamais irá fazer isso comigo...
Tempo passa. Cochichos e mais conhichos vão semeando a mente desta menina loira dos anos 90 que atendia a todos com um lindo sorriso no seu tempo de balconista. Semeando, semeando. De fato, Graça notava que o Zenildo demorava a chegar. E foi juntando os cacos da descofiança. Claro que estes cacos nunca fechavam sua mente. Apenas juntava os cacos da desconfiança.
-Ele está em Rio das Ostras com a outra, falou a vóz do telefone. Vai lá, sua boba... Graça titubeou. Mais a informante diza com tanta firmeza, local e tudo o mais que ela foi até Rio das Ostras. Algumas lagrimas corriam em seu lindo rosto de menina/mulher. Lagrigas por achar que estava "descofiando do amor de sua vida e se fazendo acreditar no que não queria ver nem acreditava existir"...
Minutos de eternidades. Fogos de fim do ano de 2007, gente passando para casa com embrulhos e mais embrulhos. Crianças saudando o ano de 2008. "Será que eu deveria ter dado um filho ao Zenildo? pensava e falava baixinho consigo mesmo. Não, não é verdade. Ele deve estar com amigos, alegre, colegas o Banco do Brasil de Macaé e, quando do me ver chegar vai correr, me abraçar, me beijar, me levantar ao colo e eu vou pedir perdão a Deus(ela acredita em Deus), e, ai vou lhe dizer que tinha tido um sonho com ele e por isso o estava procurando e achado. Iria dizer que sonhei que tinhamos feito um filho lindo e que iria nascer no mês de Agosto em homenagem a seu tio..
Graça não resisitiu ao que seus olhos viram. Zenildo estava com uma mulher que as pessoas chamam vulgarmente de amante. Gracinha caminha, ainda com os olhs molhados pelas lagrmas que não enxugou. Cambaleia, como se estive em transe e se aproxima dos dois. Cai fulminada por uma dor que levou para o túmulo. Zenildo chora uma deprê acalentado pelo carinho de sua mãe Derly. Dizem que Depressão, com o tempo acaba e a história volta ao normal. A vida continua e o ano de 2008 abre seu espaço para novos casos de amor na região de petróleo. Eu que conheço todos os personagens reais desta minha cronica, só tenho que dizer, em repetição ao titulo de meu texto:
Ainda se morre por amor... (José Milbs de Lacerda Gama, escritor, contista, cronista, jornalista e amigo dos personagens reais do fato) 01.01.2008)