Boas vindas

Que todos possam, como estou fazendo, espalharem pingos e respingos de suas memórias.
Passando para as novas gerações o belo que a gente viveu.
(José Milbs, editor)

29.4.09

Três Poemas do Pres. Mao em transcrição do Armando Rozário para O Rebate....

TRês Poemas do Presidente Mao e que tenho a felicidade de publicar. Armando Rozário, um dos mais conceituados Jornalista e Fotográfo, nasceu em Macau. É um dos mais assíduos colunista de O REBATE e meu amigo pessoal.

TRÊS POEMAS - Mao Tse Tung

I

ALTO é o céu, adejam nuvens,
Vejo patos selvagens buscando o Sul para além do horizonte.
Conto nos dedos --- 20.000 li de distância;
E dito para mim que não seremos herois se não atingirmos a Grande Muralha.
Agora, de pê, no pico mais elevado das Seis Montanhas,
O pavilhão ondulando ao vento ocidental,
Com esta longa corda nas mãos,
Pergunta-me quqndo será que amarraremos o monstro.


II

NO Exército Vermelho não havia ninguém que receasse as misérias da Longa Caminhada.
Olhávamos com desprêzo as milhares de picos, as dezenas de milhares de rios,
As Cinco Montanhas erguiam-se e tombavam como vagas que ondulam,
Os montes de Wuliang não passam de pequenos seixos verdes.
Quentes eram os precipícios abruptos quando o Dourado Rio de Areia corria pelo alto.
Frias eram as pontes de corrente de ferro que pendiam sôbre o Rio Tati.
Nas mil extensões nevadas da Montanha Min, felizes,
Vencido o último desfiladeiro, os Três Exércitos sorriem.


III

A paisagem do Norte está completamente
Envolvida por uma camada de mil li de gêlo
E dez mil li de turbilhões de neve.
Olhem de ambos os lados da Grande Muralha...
Agora só resta uma desolação imensa.
Nas calhas superiores e inferiores do Rio Amarelo
Não se pode mais ver correndo a água.
As montanhas são serpentes prateados que dançam,
As colinas, elefantes que brilham ao longo da planíce.
Anseio bater-me com os céus.

Na estação clara
A terra se mostra encantadora.
Môça de rosto queimado e vestes brancas,
Tal é o encanto dessas montanhas e dêsses rios.
Que incita inúmeras heróis a se baterem entre si pelo prazer de seguir em seu enlaço.

Os Imperadores Shi Huang e Wu Ti eram quase ignorantes,
Os Imperadores Tai Tsung e Tai Tsu não eram homens de sensibilidade,
Gêngis Cã sabia apenas retesar seu arco em direção das águias,
Tudo isso faz parte do passado --- agora sòmente há homens de coração.



O primeiro dêstes poemas foi escrito ao término da Grande Marcha, quando o Exército Vermelho perfez a ascensão da última das elevadas montanhas na estrada de Ien~. O "monstro" não se refere diretamente a Chiang Kai Chek ou aos japonêses: Mao Tse Tung explica a expressão dizendo fazer referência simplesmente "ao inimigo que habita entre nós". A forma do poema obedece aos moldes clássicos, sendo os versos escritos em cinco caracteres.

O segundo poema foi escrito pouco antes de sua chegada a Ienã e representa uma espécie de salmo em louvor da avançada dos exércitos vermelhos. A maioria dos nomes citados no poema refere-se a lugares onde foram travadas batalhas. Os "Três Exércitos" não dizem respeito às quatro armadas que participaram da Grande Marcha, mas trata-se de um têrmo técnico tão antigo quanto a Dinastia Chu, usado para descrever os exercitos dos impradores chineses. A expressão "Exercito Vermelho", no primeiro verso, é igualmente um têrmo arcaico, e seria de fácil compreensão nos tempos de Confúcio, quando tinha o significado de "a bela armada", sendo que a palavra "vermelho" na China e na Rússia tem uma acepção que evoca antes as idéias de alegria e beleza do que a de côr.

"A Neve", como é mais conhecido o terceiro poema, é uma espécie de relatório da situação da China, começando por uma evocação da paisagem chinesa, que se transforma em seguida numa bela e jovem camponesa, por quem os imperadores do passado e do presente sustentaram um guerra sem têrmo. O verso "Anseio bater-me com os céus" possui uma intraduzível majestade no idioma original, sem encerrar, contudo, nenhum orgulho da parte do poeta, que fala a proposito do avião, da paisagem e do povo, não de si próprio. No verso final, a flecha é disparada. Aí, a nota de grandeza autêntica se faz evidente e o nosso século reivindica em relação ao passado fica expresso claramente. Os críticos consideram "A Neve" 'um dos mais belos poemas da língua'.

Estes poemas foram traduzidos do chinês por Robert Payne. Não conseguindo obter essa tradução, elaboramos a nossa através da versão francesa de Janine Mitaud, feita sobre a inglêsa de Payne, mas que --- dizem --- foi mais feliz, - IVO BARROSO

Ref.: Revista SENHOR - Abril de 1959 - Rio de Janeiro Brasi, p 99.

TRANSCRIÇÃO DE ARMANDO ROZÁRIO - CABO FRIO, BRASIL - ABRIL DE 2009.

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