Boas vindas

Que todos possam, como estou fazendo, espalharem pingos e respingos de suas memórias.
Passando para as novas gerações o belo que a gente viveu.
(José Milbs, editor)

19.2.10

Cronica num dia de final de outono quando meu filho José Paulo tinnha 13 anos...

(Foto tirada pelo autor ao cair da tarde na Lagoa de Imboassica que está morrendo sob os olhares tristes de Angela,Sonia, Lucas e Kelly) />


Acontecências do cotidiano

por Jose Milbs de Lacerda Gama

A cobra de corda que espantam os adultos e abrem sorrisos de vitórias infantis me fez, ontem, lembrar dos belos inexistentes nas pessoas que se adultam e perdem o sentimento puro das recordações infantis...

Meu filho de 13 anos estava puxando esta cobra com dois amigos em frente ao sítio onde moramos... É um local cheio de homens aparentemente rudes e felizes que trabalham nas multinacionais do petróleo. Escondidos os meninos faziam a corda dançar em harmoniosos gestos de parecimento e vida que só as crianças conseguem numa corda negra, de formato angular, que acharam num lixo qualquer de uma esquina no bairro dos cavaleiros...

Fiquei uns 100 metros depois dos passamentos dos peões que vinham para o jantar depois de um dia de trabalho e saudades de suas terras distantes...

São homens de todas as cidades e capitais do mundo que habitam este Bairro, outrora uma grande fazenda da família de Luiz Lawrie Reid, escritor macaense que foi para São Paulo e de lá nos legou um dos maiores educandário que leva o seu nome...

Os homens são vistos pelas crianças a uma distancia razoável e, como numa guerra, preparam suas armas... Sorrisos em formação de gargalhadas que viriam na trilogia de seus gestos de meninos.

Os homens se aproximam. Roupas coloridas em macacões sujos em cores diferenciadas por empresas a quem els pertencem.

O raio de lua que se despede do Outono/Primavera dá um sentimento de frio que nos leva a gostar desta mutaçao natural que só homens de afloramento sensitivo e crianças como eles podem determinar neste momento de pura êxtase do ser.

Puxam, levemente e com a suavidade de dedinhos harmonicamente compassados a grande arma de brinquedo representada na cordinha negra e que brilha ao escuro de um poste mal iluminado. Homens pulam de medo e de pavor quando sentem o "rastejar da bicha" que roçam em suas botas e pernas... Três sorrisos altos de santas crianças se juntam as gargalhados dos homens que voltam às suas infâncias e saem rindo de seus medos e recordações. Nenhum se volta bravo. Se amalgam a volta de um mundo lindo que, catucados pelo meu filho Zé Paulo e seus amigos William e Lorran, os colocam de frente com as próprias infâncias guardadas nas distâncias de suas cidades. lembrei-me do amigo Antonio Ferreira da Silva, o bom Parodi que consegue voltar as suas infâncias cearenses quando de meu diálogo com o Arthur da Távola na citação da "saudosa e cândida tramela"...

Quem não teve tramela nas portas cheias de frechas de madeira nobre; não brincou de cobra e não correu atrás de pipa voada; não pulou muro e roubou goiaba e jogou botão em varandas, perdoe-me, não teve infância nem foi menino na rua. Quem valoriza estes momentos de infinitas belezas que só a gente percebe nas de raridades escondidas de nosso interior.

3.2.10

SAGA DE NHASINHA - O ENTARDECER DO SECULO XVIII NA REGIÃO DE PETRÓLEO RJ

(foto do 1 Centenário que tirei a uns 6 meses. A beleza da Pixação de jovem macaense bate e rebate de frente com o abandono das autoridades. Quem sabe, em 2013, com a abertura das riquezas históricas que o Obelisco manteem em seu interior, possam fazer algo que ilumine o faral das histórias que a cidade guarda intocada).


Texto do livro SAGA DE NHASINHA que está on-line, acessado gratuitamento para que todos possam se deliciar com as belezas que habitam minha memória e as as transformam em livros...

Capitulo 9

O entardecer do Século XIX

No início do Século, precisamente em 1915, nascia um menino que viria se chamar José Milbs, numa homenagem dos pais Mathias e Alice Lacerda. Era o nome de uma santa, sacada na folhinha do Sagrado Coração de Jesus.

Santa Milburgenes deu origem ao nome Milbs, a alegria de Alice e Mathias foi interrompida pela doença de nome crupe, que dizimava vidas no início do Século em cidades de todo o Brasil. José Milbs morreu aos 2 anos.

Uma catástrofe que o acalento dos amigos e a fé de Alice não conseguia sepultar. Com o tempo nova gestação veio criar novas alegrias e esperanças ao casal.

Mathias sempre dizia que tinha de deixar um filho homem para CUIDAR OS NEGÓCIOS DA FAZENDA. Das compras e venda de animais e, a maior das preocupações que era o transporte de madeira pelo Rio Macaé que cortava a "Fazenda Airys" de ponta a ponta.

Em l919 nascia Ecila, uma nesga de tristeza, pois queriam, no íntimo, que viesse outro menino. Tudo bem, Ecila foi crescendo sempre ouvindo histórias, se relacionando com a morte e ausência presente de José Milbs. Sempre que sua mãe Alice ia a Igreja, na Praça Verissimo de Mello, era sempre rezando, orando pela alma do seu anjo desaparecido.

Não demorou muito tempo e o Mathias teve que ir ao Rio para exames de rotina. Era Vereador e amigo do presidente Feliciano Sodré, Governador da Província do Rio de Janeiro.

Aceito o convite e tinha sido nomeado juiz da Comarca. Não chegou a tomar posse.

MATHIAS MORRE AOS 64 ANOS

A tarde ainda recebia os ventos frescos vindos das ilhas quando o apito do trem dos IIngleses avisava que estava para chegar o Expresso.

Uma pequena multidão aguardava na estação, cabisbaixa, a longa espera. Num vagão, agregado aos normais da rede ferroviária, vinha um que tinha uma diferenciação dos demais. Trazia o corpo de Mathias Coutinho de Lacerda, juiz não empossado, vereador e fazendeiro...

Em Rocha Leão e em Rio Dourado tinham colocado uma bandeira negra avisando que o Capitão Mathias, vereador dos mais íntegros de Macaé, estava sendo levado para sepultamento. No horário certo o trem deixa aos cuidados de amigos e parentes o corpo embalsamado do homem que viria a ser o avô materno deste que escreve estas memórias.

Dona Nhasinha nunca tinha tido tanta dor. Se não bastasse a perda de José Milbs, tendo a filha Ecila com apenas 8 anos e ela tinha que perder o ente amado.

O homem que a havia feito conhecer o verdadeiro amor. Morria ali, não o pecuarista Mathias Coutinho de Lacerda, morria a eternidade, morria ela no seu mais sofrido dos sentimentos, o da perda total.

Não fosse sua força, sua tenacidade e saber que tinha uma menina de 8 anos para criar, achava que não resistiria. Ficou Alice viúva com uma imensidão de terras sem que pudesse ter ânimo para cuidar.

Viúva com duas enteadas jovens e uma filha de oito anos, sem um varão para cuidar da grande fazenda do Airys. Sabia que mathias tinha um filho, gerado no periodo em que ficou viuvo da irmã de Chico Lobo. mais onde encontrar o menino Benedito Lacerda que ficou sendo criado por sua bondosa genitora?
Quis o velho destino que Benedito Lacerda chegasse até nós. Já estava, Nhasinha, filha e netos, em sua morada na Rua do Meio. Uma das casas foi alugada por Seu Olimpio e Dona Maria. Sua filha Morgadinha namorou Benedito e se casou. Como num passe de mágica, este tio me reencontrou na Estrada de Ferro Leopoldina nos anos de 1953. Eu aluno do SENAI e ele Ferroviário das Oficinas...

A noite ao deitar e embalar o sono sagrado da filha Ecila, Alice tinha forças para segurar suas lágrimas.

Agora rezava e orava por dois entes Mathias e José Milbs. Já tinha em sua companhia seus pais Emílio e Adelaide, que juntavam forças para o triste e prematuro golpe.

Ecila via todo esse sofrimento, embora muito jovem , pensou: "quando eu me casar, tiver um filho vou colocar o nome de José Milbs e dar a minha mãe essa alegria".

Ecila povoava de alegrias a vida de Nhasinha que além de ter as responsabilidades de cuidar dela, ainda cuidava de seus pais Emílio e Adelaide, com uma idade já avançada.

As correrias de Ecila no casarão da Rua da Boa Vista, onde morava, eram alguns momentos onde Alice podia se deixar esquecer da imensa saudade que lhe torneava a mente.

Ecila, menina muito levada e esperta, tomava todo o tempo das preocupações dos velhos. Ora na casa de Pastora, vez por outra na casa de Brandina e Albertina, ou mesmo na de Dona Elisa Diniz. O tempo ia passando belamente feliz nestes anos de dor e felicidade.

O casarão da Rua da Boa Vista, que dava fundos para o límpido e imponente Rio Macaé, estava sempre cheio de amigos e parentes que vinham em visitas diárias e felizes.
Os primos de Nhasinha, Pierre Tavares da Silva e Angélica, os Tavares de Carapebus, os Almeidas de Rodagem e os amigos Francisco Almeida Pereira e Rubens Almeida de Quissama.
Ao cair das Tardes, sob a brisa de um vento fresco que vinha do Rio Macaé, após o encontro brejeiro com as ondas do Mar, era hora em que chegavam novos amigos e parentes. Chico Lobo e Santa trazia as famosas Goiabadas feitas em sua Chácara na Rua Teixeira de Gouvêia, Zelita Rocha de Azevedo presenteava com suas Batatadas e Doce de Abóboras, Alvina Prata e Conceição Prata de Almeida, com toda a filharada, ornamentavam as calçadas com dezenas de cadeiras que ficavam estendidas durante horas e mais horas...
Era mesmo casa cheia nos anos de 1800 na atual Rua Roberto Silveira que tinha o atraente nome de Rua da Boa Vista...
José Milbs de Lacerda Gama historiador, jornalista e editor de
www.jornalorebate.com

UMA LINDA COINCIDENCIA UNE OS NOMES DE ECILA E ALICE NA FAMILIA DE MINHA AMIGA DA AMÉRICA LATINA QUE ME ESCREVEU LINDO EMAIL. ABAIXO TRANSCREVO:
Ecila Echenique



Eu queria comentar que meu nome é Ecila igual que a sua mae e o nome de minha mae era Alice como a sua avo. Li seus livros e gostei muito. Meus parabens. Fiquei muito emocionada com a historia de sua avo, e saber que tanto ela como a minha mae gostaram de virar seu nome e chamar a sua filha Ecila, e que tanto ela como a minha mae foram muito boas pessoas. A minha mae Alice Schilling Jullien era brasileira, nasceu en Yaguarí en 1922 e faleceu em 1996 em Argentina, eu sou uruguaia nasci en 1959 e moro en Buenos Aires (Arg). A minha filha de 17 anos é Luciana Ecila, para que o nome continue.
Eu agora estou estudando português porque adoro ele, e porque desejo conservar o idioma da minha mae e aperfeiçoar-lo por uma questao afetiva.
Atenciosamente,
Ecila Echenique SchillingEcila Echenique