Boas vindas

Que todos possam, como estou fazendo, espalharem pingos e respingos de suas memórias.
Passando para as novas gerações o belo que a gente viveu.
(José Milbs, editor)

18.12.14

A CADEIA E O TERRENO DOS ESTUDANTES Armando Barreto Ao ver máquinas da prefeitura demolindo quiosques no terreno em frente ao mercado de peixes, voltei a 1962, quando o presidente da Federação dos Estudantes de Macaé, José Milbs Lacerda Gama, e eu como seu secretário, conseguimos uma audiência com o governador Celso Peçanha, depois de várias idas a Niterói, visando a doação de um terreno para construção de uma sede própria. Era um tempo de muita efervescência política, principalmente entre a politizada juventude sob a liderança nacional da UNE e UBES, engajadas num forte nacionalismo de esquerda em busca de reformas. Lembro-me, como se fosse hoje, nós de terno, indo a Niterói várias vezes, com dinheiro curto no bolso, que dava para as passagens e o popular PF. Sem conseguir audiência, víamos obrigados a ficar para o dia seguinte, com o colarinho suado e já sujo de poeira. Nosso “hotel” era de milhões de estrelas, no frescor da madrugada de uma cidade que ainda respirava o romantismo . Pegávamos a barca no final da noite e onde ela parasse aí ficávamos dormindo em banco da Praça XV, como dois engravatados ferrados que curtiram a noite na gandaia. Pois bem, numa das tentativas em busca de uma audiência, a malandragem de Milbs funcionou. Driblamos a vigilância dos seguranças, logo após o almoço, e conseguimos chegar à sala de despacho do governador e, numa confortável poltrona, esperamos para ver o bicho que ia dar. De repente, um susto, um policial abriu a porta e perguntou o que fazíamos ali. E Milbs: “nós somos da Federação dos Estudantes de Macaé e o governador pediu pra gente esperar”. O policial ficou encarando, na dúvida, mas resolveu ceder. Depois de uma hora de agonia, lá vinha Celso Peçanha, de pijama e limpando os olhos, após sua merecida sesta. Ao colocar os ósculos de lentes grossas e nos ver ali sentadinhos, de braços abertos perguntou: - “ estudantes de Macaé, o que estão fazendo aqui?”. Ele já nos conhecia de outros contatos políticos. Pronto, ganhamos seu carinho e simpatia. Sobre sua mesa muitas correspondências. Após saber o que queríamos e enquanto dava seus despachos, prometeu que iria colocar o Departamento de Engenharia à nossa disposição para ver se havia algum terreno na cidade para nos doar. Foi num período de muitas nomeações, quando vários macaenses foram admitidos como Fiscais de Renda. Não havia concurso, e chegou a nos oferecer uma vaga em Conceição de Macabu, que nem demos importância. Havia sim, uma nesga de terra onde, conta-nos o advogado e escritor macaense Antão de Vasconcellos em seu “Crimes Célebres em Macaé” (fevereiro 1911), uma cadeia, de grossas paredes, “hospedou” o próspero fazendeiro campista Motta Coqueiro (enforcado), os perigosos negros vindos da África Chico do Padre e Carukango. Esse terreno foi doado e o Departamento de Engenharia ainda nos deu a grande ajuda de elaborar uma planta do prédio, de dois pavimentos e ocupando praticamente a área toda. Mas a escritura de doação continha uma cláusula preocupante: prazo de três anos para construir, sob pena de o terreno voltar ao patrimônio do Estado. Como seria dificílimo, resolvemos projetar uma sede provisória. Gratuitamente, o saudoso Roberto Peixoto amigo da estudantada, fez uma planta e pediu aprovação junto à Prefeitura (prefeito Benjamin). Como não tínhamos recursos, começamos a fazer uma campanha pró-sede e levantamos o alicerce, eu já como presidente eleito numa campanha das mais movimentadas em Macaé, cuja apuração teve que ser feita pelo Juiz da Comarca, Aulomar Lobato da Costa. Com a também eleição de Milbs para a presidência da Confederação dos Estudantes Secundários (Cofes) e a força dos movimentos estudantis, conseguimos junto a Roberto Pontual inserir uma verba de 4 milhões de cruzeiros (cerca de R$ 4 mil hoje) no Ministério da Educação e Cultura. A verba saiu com a intervenção de um advogado em Brasília. A sede provisória foi levantada até a laje, com portas e janelas no lugar, mas a ditadura veio e colocou a entidades estudantis na ilegalidade. Quando já estava fora de Macaé, o Poder Judiciário chegou a usar salas do imóvel para guardar bens arrestados. Em 1974, os Procuradores do Estado Iltamir Abreu, Marlo Fabiano Seixas e Altamirando entraram com uma ação de reintegração de posse, alegando, entre outras coisas, que o imóvel era um pardieiro, onde se reuniam bêbados e prostitutas. Tomando conhecimento dessa iniciativa, Milbs procurou o Juiz da Comarca, dr. Carlos Sanches, que o orientou a fazer uma carta relatando a situação, alegando que a Federação havia construído uma sede no prazo de três anos e que só não foi possível concluí-la totalmente por causa do golpe militar. Argumentou ainda que achava estranho a Procuradoria chamar de pardieiro um prédio onde a Justiça guardava bens penhorados. O magistrado acatou e negou o pedido de reintegração, garantindo a posse do terreno à Federação, na possibilidade de seu retorno às atividades. Diante do prédio invadido por desocupados, a prefeitura resolveu demoli-lo em razão das reclamações de moradores. Já em 1999, o então prefeito Sylvio ocupou o terreno com a construção de quiosques, o que gerou uma grande polêmica, com sua liderança na Câmara tentando defendê-lo acusando-me, sem nenhuma base, de ter desviado quatro milhões da FEM. Esse vereador foi posteriormente cassado por outros motivos. Como a juventude estudantil se alienou nos 21 anos de ditadura e o consumismo tornou-se sedutor, com os sofisticados meios de comunicação absorvendo seus interesses, faz bem a prefeitura em usar aquele espaço para melhorar o já complicado trânsito da cidade. Essa é a história de uma entidade estudantil que não deixou de protestar contra o golpe, colocando na sacada de sua velha sede alugada uma faixa com a seguinte frase: - “Consciência legalista contra o golpismo dos gorilas”.

26.9.14

SAUDADE DA TERRA EM QUE NASCEU FAZ DE LENILSON BARBIRATO DO ROSÁRIO FILHO UM MACAENSE PRESENTE!!!... Luiz Lawrie Reid disse em seu ÚLTIMO CONTO que guardo o original em meu Arquivo Pessoal, que; - "A teimosia é comum em todos que nasscem na cidade de Macaé". Ele, Reid,quis e fez uma obra grandiosa que hoje é o Colégio Estadual que leva o seu nome... Teimou, criou uma Comissão de obras, colocou Ferry Jacourd de Azeredo como membro,buscou na presença do "Sargento Gavião" um homem digno e simples para seu representante na obra e doou a cidade o monumento... A teimosia, o amor a cidade, o "ser macaense" é muito comum. Exemplo o grande Armando Rozário, Fotografo mundialmente reconhecido, autor de milhares de fotos que se espalham pelo mundo... Rozário nasceu em Macau na China... Ser sente macauense e macaense... coisas da beleza dos desejos... Vejo hoje o email do Lenilson. Não o conheço mais tive a honra a alegria de receber seu telefonema. Cercado de Carinho e afeto por sua cidade natal que ele quer rever. Coisas que acontecem, creio eu, em quase todas as Cidadezinhas de Inteiror por este mundo. Mas o que me tocou a profunda e esperançosa alegria deste macaense na busca de seus momentos mágicos nas ruas empoeiradas que não existem mais, na Praia de Imbetiba que lá está diferente e outras outras saudades.. Bem vindo Lenilson...José Milbs (editor de O REBATE ).
De: lbrjr@bol.com.br Enviada: Quinta-feira, 25 de Setembro de 2014 17:36 Para: josemilbs@hotmail.com Assunto: Informações sobre Macaé Prezado Senhor José Milbs: Agradecendo muito os esclarecimentos a respeito de como encontrar notícias de hotéis da minha cidade natal onde eu possa me hospedar em Macaé,RJ,e ,como já lhe expliquei,nasci na Santa Casa de Misericordia,em 1946.Um mês após o meu nascimento fui com os meus pais para São Simão,SP,onde meu pai,Dr.Lenilson Barbirato do Rosário,Eng.Agrônomo de Campos,RJ,e também do DNOS em Macaé,foi convidado a ser Diretor da Estação Experimental do Ministério da Agricultura,de São Simão ,SP.Em 1956,viemos para o Rio de Janeiro onde meu pai foi convidado a trabalhar no Min.Agric.junto ao Gabinete Geral e outros Departamentos.Em 1968,ele foi convidado a ser Diretor da Estação Experimental de Campos,RJ(Ministério da Agricultura).E por aí fiquei com a minha familia no Rio ,em Campos e de passagem ,às vezes por Macaé.Assim,na verdade ,eu jamais residi em Macaé,Rj,embora tenha passado alguns fins de semana , férias,etc.Mas isso ocorreu há muitos anos,antes de Macaé haver se tornado o que é hoje em dia.Eu fui da época da "Princesinha do Atlântico",do SESC,do Hotel Imbetiba,Hotel Palace,Hotel Central,Praia do Forte...Ainda existem?Pelo que o senhor me disse ,pelo telefone,alguns foram comprados pela Petrobrás...As coisas antigas ja foram destruídas?E a Macaé atual?Quais as praias que tem condições de uso para banho de mar?Cavaleiros, Imbetiba,Campista?Não me recordo das outras...A Lagoa de Imbetiba,acho que esse é o nome...Mas que macarense eu sou!Nada sei mais da minha cidade!É isso que estou buscando...É isso,agora vou me atualizar com as informações sobre Macaé,através dos jornais e outras fontes,a fim que eu possa mostrá-la à minha esposa, ao meu filho,nora e netos numas pretendidas estadias de fins de semana ou férias...Novamente,muito agradecido pela sua atenção a este conterrâneo desligado da sua cidade pelo destino que Deus lhe impôs,ou que a vida assim o quis.Abraços,Lenilson Barbirato do Rosário,Junior.Celular:(21)99646.4169

20.6.14

A casa não é sua, gringo! Aqui também tem um povo! TEXTO DE 2007 NO JORNAL A NOVA DEMOCRACIA

inicio Nº 34 A casa não é sua, gringo! Aqui também tem um povo! Ano V. nº 34, abril de 2007 José Milbs Eles chegaram, olharam, gostaram muito. Pensam que é deles. Refiro-me a esta turba de gringos, chefetes de transnacionais que infestam a cidade de Macaé, afrontam o povo, o verdadeiro dono das coisas e das terras macaenses. De dentro de suas mansões que mais parecem palácios, cheios de seguranças, muros eletrificados, esses galos de granja fanhos e de língua enrolada (o "idioma dos gatos", como descrevia a saudosa Jurema Finamour) lançam olhares de nojo para quem passa em frente às suas casas. São figuras frágeis que para se manter em pé necessitam escorar-se nas bordas do capitalismo que vive sua agonia final. Assim sustentam suas poses treinadas nos espelhos de uma consciência milenarmente corrupta, colonial, alimentada na exploração do homem pelo homem e nas guerras de agressão aos povos. Com suas drogas e seus automóveis luxuosos que cheiram a porão de navio viking, podem comprar pessoas e empresas nacionais. Podem e conseguem porque os destinos de nosso país, por enquanto, permanecem nas mãos dos gerentes coloniais, assalariados de luxo do império, infelizes e submissos que comem o que cai das mesas dos magnatas e se iludem com tronos imaginários edificados em areias movediças. II Macaé nunca incorporou essa gentalha à população nativa, esses paspalhos homiziados em seus condomínios luxuosos. A cidade assimilou os petroleiros de hoje, os operários da construção civil e a gente trabalhadora em geral, como no passado fez com os ferroviários. Gringos assim já estiveram por aqui. Vieram e se foram. Deixaram rastros de destruição, prostituição, drogas e desemprego. Os de hoje são muito piores. Conseguem ser mais degenerados e detestam - como lá onde eles se procriam, no USA - os latinos. Olham para os nativos como seres inferiores à sua "raça". A maioria destes senhores que dá ordem ao poder colonizado é ianque. Os invasores aportaram em Macaé com suas firmas presenteadas em troca dos serviços prestados em golpes de Estado, em guerras de agressão e genocídio nas quais, com muito agrado, desempenharam papéis protagônicos. Costuma-se contar que, a serviço no Vietnã, esses mesmos ianques matavam crianças vietnamitas jogando-as para o alto e aparando-as nas suas frias baionetas... Assassinos desse tipo conseguem dormir porque desde abril de 1964 não há mais governo brasileiro, capaz de ir ao encalço desses criminosos. Muitos, até agora, são chamados de "capitão tal" ou por outras patentes que ganharam nos massacres perpetrados contra o povo trabalhador em várias partes do mundo. Seus chefes costumam compensar com bons pagamentos esses heróis da covardia, das invasões, da rapina e dos massacres em terras alheias. Entregam aos seus subalternos, como prêmio, algumas empresas em países cujos governos se dobram a eles. A família de Bush Maluco, quando ouviu falar de petróleo em Macaé, montou uma "empresa" aqui, que tem o nome de Halliburton. Seu vice atual, Dick Cheney, figurou como diretor geral da Halliburton que, na realidade, continua pertencendo à família de Bush. Agora, surge uma denúncia no USA de que desviaram 2,5 bilhões de dólares da guerra no Iraque para essa mesma empresa. São genocidas e ladrões duas vezes. Afora quando roubam deles mesmos. De qualquer forma, a fabulosa quantia subtraída ao Tesouro dos piratas ianques, se não é aplicada criminosamente contra os iraquianos passa a ser criminosamente aplicada contra os brasileiros no Rio de Janeiro. E tem gente que pensa que nós não temos nada a ver com a guerra no Iraque ou que os assassinos imperialistas ainda não nos atacaram. O Brasil vive na mira dessa gente e, por isso, Macaé - como a cidade que tem a maior reserva de petróleo do país - é o alvo de suas invasões. O dinheiro fácil que aparenta vir da extração do petróleo, esconde fabulosos negócios, desde aqueles pertencentes aos grandes criminosos de guerra aos cruéis facínoras de segundo escalão, velhos traficantes de drogas e mulheres, a exemplo do que a própria Polícia Federal desvendou no interior de São Paulo com a prisão de um bandido de procedência libanesa, estourando de intoxicação, e que se intitulava "homem do Petróleo". Mas a essa mesma polícia, por acaso, mandaram investigar a vida pregressa dos ianques que vivem nas mansões macaenses, como reis e imperadores? Costuma fiscalizar, com ordens judiciais, o conteúdo dos milhares de containers de grande risco, portadores de "novas bactérias" e de ilícitos penais que chegam ao município? III Lá, no USA, eles prendem tudo que é latino, devassam a sua vida, jogam para cima colchão, bolsas, rasgam mochilas, para depois permitirem que o imigrado transite naquele território... na condição de escravo, naturalmente. E aqui, aonde os pescadores são os donos do mar, e aonde os velhos ferroviários, petroleiros e seus descendentes devem ser os verdadeiros senhores? Não acredito, embora já tenha certeza que o poder central é gerente - nada mais que um preposto do gringo - que toda a gente brasileira esteja acocorada ao USA. Entre os privilegiados, grandes brasileiros e democratas precisam fazer valer seus sentimentos patrióticos e não apenas as massas trabalhadoras. Esperar por quem, por mais o quê? Macaé, sua "elite" e muitos de seus "governantes", são cúmplices desses invasores. Macaé está muito maior do que a gente imaginava ficar. São milhares e milhares de brasileiros, da mesma forma, vilmente explorados. Definitivamente, não se pode permitir que nossas vidas permaneçam nas mãos dessa lumpem-burguesia, que de tão porca precisa banhar-se em perfume francês para ter o seu cheiro suportável. O povo, os pescadores, os camponeses, os ferroviários, petroleiros e os estudantes, são os senhores. Não ao encastelamento e às cercas eletrificadas. Sim à liberdade (a inteligência edificada da necessidade, nas formas da ação das massas) e à igualdade dos que vivem pelas suas próprias mãos, que juntas constroem os instrumentos destinados a romper com o modo de produção mais decadente que a humanidade já conheceu. E este é o momento para dizer não e esses invasores, antes que um amanhã seja tarde... O sol ainda reina no entardecer da cidade e alguns jovens petroleiros, transportados por vans, uns em suas bicicletas e outros a pé, se dirigem ao embarque para as plataformas no mar. Enormes perigos, vagalhões que ameaçam varrer terraços gigantes de um lado ao outro, tudo faz lembrar o olhar de desprezo que o gringo lança sobre o dia a dia do nosso povo trabalhador macaense e aguça a contradição entre a mesa do explorado e a vida fácil do bandido rico cercada de recursos cuja origem não se explica. Como dizia meu velho avô Mathias Coutinho de Lacerda, macaense, dono da Fazenda do Airys, nos anos de 1915, quando dele se aproximava algum "visitante"; um explorador do trabalho alheio ou rico assassino querendo fazer negócio: — Ponha-se para fora! A casa aqui tem dono!

17.6.14

Da maldade e da honradez humanas OUSAR LUTAR ---- OUSAR VENCER 2007

Da maldade e da honradez humanas - José Milbs Habitam luxuosas residências. Caras de paspalho, uns com barbas, outros com as caras raspadinhas e cabelos feitos em salões. São animais que a ciência insiste em dizer que fazem parte da espécie humana: comem, dormem, fazem suas necessidades e até aprenderam a procriação. Mas não trabalham. Antes, vivem da exploração do trabalho e cumprem as ordens da desordem crescente. Costumam se cercar de seguranças com seus ternos negros que mais parecem capitães do mato lançando olhares que imitam valentia. Usam veículos importados. Trazem mulheres que cheiram a perfumes caros e acompanham infelizes filhos que os admiram como a um cofre abarrotado de dinheiro. Parecem animais criados em cativeiros, frangos e frangas americanas que não podem se expor ao vento ou colocar os pés em outro chão que não seja o das granjas. Nesse caso, o chão dos palácios e gabinetes. Ventos açoitam as folhas das palmeiras e coqueiros que ornam a Praia dos Cavaleiros, em Macaé, cidadezinha do norte do Rio de Janeiro. Meninos e meninas normais expõem seus cabelos ao morno ventar que vem das ilhas nativas. Pés descalços, sorrisos nos lindos olhos e no repuxo dos sobrolhos queimados pelo sol macaense. Assim é a bela e boa gente trabalhadora dali. Espigões é a diferenciação no mundo natural de casas simples, mas plenas de aconchego e de amor. A ganância contraída no processo de acumulação fez de cada engravatado com seu sorriso de lagarto esquecer que existe o humano dentro de si. Transmitem aos pobres e infelizes filhos uma imagem fedente a perfumes e gestos efeminados dos opressores em decadência. Os jornais que socorrem os exploradores anunciam leis contra o povo, trapalhadas financeiras e os eventos ociosos das mansões, a maioria construída mediante desvios de cofres públicos, superfaturamento de obras e "serviços" junto aos tais poderes constituídos. O meigo sol de primavera se aproxima com o novo ano. A cidade está inflada. As empreiteiras se vão e, em seu lugar, ficam as sub-empreiteiras dirigidas pelos jagunços pinçados a dedo nas fazendas. Eles convocam rapidamente os trabalhadores que estão nas obras, aqueles que, com suor, lágrimas e saudades, foram os responsáveis pelas construções. II A frieza dos jagunços se assemelha à do seu chefe investido de empresário, o mesmo que se posta ao lado dos que exercem a função de autoridades municipais. Burocratas mais graduados supervisionam os detalhes das inaugurações. A temporada de festividades consagradas ao esplendor do crime lícito chega rápido. Timtins barulham copos do mais puro escocês, tão puro quanto a fina casta de ladrões e assassinos que o consome. Espalhados pelos salões e jardins que os acolhem, esses grupos de expropriadores da força de trabalho e do patrimônio público destilam idéias monstruosas enquanto expõem suas presas de pervertida alegria. Esforçam-se o quanto podem em cada detalhe da imitação de cordialidade humana, revelando pleno domínio sobre as regras de conduta dos desocupados sociais. Tapinhas nas costas de outros empregados de luxo denotam formas cínicas de distribuir chantagens e ameaças, como que fizessem recordar que as benesses recebidas dos faturamentos devem ter sempre continuidade. Nas areias da praia, centenas de jovens se banham e olham descontraídos para o vai e vem das ondas esverdeadas e puras. Crianças correm e brincam com pequenos caranguejos que assanham as areias e voltam para seu habitat. Os trabalhadores - antes convocados pelos "agenciadores de emprego", na realidade administradores do desemprego - foram avisados: estão dispensados do longo e penoso trabalho de quase um ano de obra. Moraram em palafitas, se alimentaram de comida fria, beberam muita pinga para abafar o soluço trazido pela humilhação e pela nostalgia. Chamados nominalmente e, contendo o ódio que brota em seus olhos, recebem a última parcela do salário miserável. Aceitam, como lhes chegam, os registros adulterados nas carteiras de trabalho. Até porque onde iriam reclamar "seus direitos" se, por entre as frestas envidraçadas dos escritórios, avistam os dirigentes do sindicalismo burocrático recebendo as tradicionais cortesias dos prepostos? Agora estão sem serviço remunerado. O que fazer para sustentar a si e à família? III Crianças, filhos desta pobre burguesia cujos dias estão contados com a aproximação da nova democracia, admiram as lindas meninas e meninos que vivem livres sob o sol nascente de Macaé. Querem também ir ao encontro de seus pares infantis, porque criança nasce tudo igual. São socialistas natas. Os canalhas, produtos do modo de produção imperialista e em agonia final, é que as desviam o quanto podem do amor fraterno. Do luxuoso hotel, elas buscam pelas gretas algum gesto que as identifiquem na essência com as crianças livres. Afastam-se sorrateiramente do ambiente podre de seus pais e dos demais cúmplices. Querem a liberdade de brincar, correr, ver os tatuís abrirem suas casas. Descem as escadas, quando já começam a ouvir os alegres ruídos da Praia do Pecado, do sussurro do mar... Os braços dos homens de ternos pretos obstruem a passagem e mandam as crianças de volta ao odioso regime de divisão de classes. Os seguranças não fazem mais que adiar a tendência natural das coisas... Vendedores ambulantes gritam sacolés, biscoitos, guloseimas e da mesma forma são afastados da frente do hotel. Tiras verde-amarelas cercam as ruas evitando a aproximação do povo. Por alguns momentos, os operários esquecem o sofrimento, a repressão dos exploradores e o desprezo dos acomodados. Cantam, assobiam cantigas de suas terras. Alguns ainda olham para os luxuosos prédios que construíram, como que imaginando para que tipo de gente trabalharam, que espécie tão pouco humana irá ocupá-los. Mulheres que conheceram, amigos que fizeram, crianças que acalentaram; tudo fica para trás. Pensam nas histórias que poderão contar aos seus filhos enquanto caminham pelas ruas macaenses rumo à rodoviária. Companheiros de mais confiança se encarregaram de trazer, de uma forma ou de outra, a alvissareira notícia que de que algo está para acontecer em toda a região do Rio. Com efeito, a quase uma hora dali, uma casa abriga vinte e oito operários que traçam planos de filiação a uma central de novo tipo. Prossegue animada a pequena assembléia que, na sua primeira pauta, já decidiu pela fundação do sindicato classista e combativo, verdadeira e digna organização da classe operária na construção civil (José Milbs de Lacerda Gama,texto extraido de http://ousarlutar.blogspot.com.br/2007/03/da-maldade-e-da-honradez-humanas-jos.html - OUSAR LUTAR !! - OUSAR VENCER !!! )...

15.6.14

MORRE NA REGIÃO DO PETROLÉO SENIZINHO VIEIRA JUNIOR

É COM MUITA TRISTEZA QUE FALO NA MORTE DE MEU VELHO AMIGO SENIZIO VIEIRA JUNIOR, O ESTIMADO SENIZINHO.... Quem fez a noticia foi seu filho marcus em comunicado no Face... Grande perda para a Região já que ele fez parte de uma linda história de alegrias e encantamento... José Milbs O REBATE... Amigos, meu pai, Senizio de Souza vieira Júnior, faleceu hoje. O velório será no Memorial e o enterro no cemitério de Santana na parte da manhã, provavelmente, às 11h. Agradeço pelo apoio que algumas pessoas tem demonstrado, mas peço que evitem telefonemas nesse momento, falar sobre o assunto é complicado e preciso de equilíbrio para agir as coisas.

7.6.14

MORRE NA REGIÃO DE PETRÓLEO JOSÉ PEIXOTO DO VALLE UMA DAS PESSOAS MAIS SIMPLES E HUMANAS QUE CONHECI EM TODA A MINHA LONGA EXISTÊNCIA.

................................................................................................................. José Milbs....( Peixotinho (Tio de Zé Peixoto e Xico Xavier) José Peixoto do Valle, nosso querido "Zé Peixoto" saiu de cena neste fabuloso Palco que é a vida. Iluminador de grandes peças de teatro nos anos 60 e 70, nascido e criado nas empoeiradas travessas e Ruas que levam as pessoas a Imbetiba e ao centro da Velha Macaé dos anos 40, Zé Peixoto é o que se pode afirmar ser ou ter sido um cara iluminada pelos focos inapagáveis (existe isso?) da vida escura em que entramos em saber como e, saímos sem ver para onde vamos... De uma família Kardecista, sobrinho de "Peixotinho" que Materializou no Centro Pedro em Macaé a Irmã Sheilla, cujo desmembramento familiar publíco abaixo deste texto, em lindo momento histórico, de seu irmão carnal Adolpho Peixoto do Valle. Falo irmão carnal por que me coloco, com sua devida autorização pos-morte, como seu irmão... Fomos criados juntos nos bons tempo de uma CIDADE PURA, pinçando a frase de meu velho amigo Paulo Mendes Campos em uma entrevista ao "O REBATE" sobre Macaé. Esta Cidade Pura transfiro totalmente, ao longo destes últimos anos, ao Zé. Ele foi puro, foi anjo, foi homem e soube ser amigo fiel a todos que o cercaram em sua vida de 72 anos. Dedicou uns 30 anos cuidando de seu irmão mais velho Gerônimo Peixoto do Valle e sempre, ao me encontrar, fazia suas frases na 3a pessoa (será que e isso?) quando falava nas saudades de seus outros irmãos que partiram. Falava em Dona Maria José, sua mãe, em Emília, sua doce irmã, em Toninho e Ney Peixoto do Valle. Nele mesmo, já com o peso dos 70 anos, falava pouco... Nos anos 60, quando eu era líder dos Estudantes do Estado do Rio de Janeiro, quando, num estalar de meus dedos, tinha o que queria dos Poderes dos Governos, só não soube pedir cargos, eu viajava muito. Muitos jovens, alguns deles ainda vivos, tive a honra de liderar e, com eles participar de Congressos Estudantis e reuniões em muitos Estados do Brasil. Só não pude ir, em 1962 no Congresso de Rio Grande,n RGS, por que minha amada avó que me criou estava doente e pediu para não ir. O Presidente da UBES, meu querido companheiro DA BAHIA JARBAS SANTANA veio pessoalmente em Macaé trazer as passagens de avião. Não pude ir. Perdi minha Santa Avó, Alice Quintino de Lacerda - Dona Nhasinha - no dia 28de Agosto de 1962, em pleno Congresso da UBES. Cito isso por que o Zé Peixoto iria em minha companhia. Era o meu presente pela sua fidelidade ao meu trabalho de Líder e ser ele, um dos que me incentivaram a pedir ao Governador do Estado Rio de Janeiro, Celso Peçanha, para criar um COLÉGIO ESTADUAL EM MACAÉ. Atendi a ideia de Zé Peixoto e exigi de Celso que transformasse o Colégio Luiz Reid que, era pago e só atendi pessoas mini-ricas, num colégio totalmente grátis. José Peixoto do Valle, do alto se sua simplicidade de menino puro, sempre esteve ao lado das grandes transformações havidas em Macaé nos anos de 1960 e 1970. Ontem, dia 06 de Junho de 2014, no final de uma tarde amena de Outono, ainda com o Sol passando por entre os frondosos Oitís da Pça. Veríssimo de Mello onde a gente brincava, trocava figurinhas do Vasco, do Fluminense e do Flamengo, ele viu ser apagada a Luz que o mantinha ainda por aqui junto aos que ficaram... O Iluminador de Teatro dos então jovens Ricardo Vieira Meirelles, Phydias Barbosa Barreto, Moadyr Votorino, Eisaburo e tantos outros "seus alunos nesta ate bela", viu-se na escuridão da vida e pode então ver a luminosida da Grande Luz que poucos poderão ver nesta partida... Zé Peixoto, se isto pode confortar a Saudade, deve estar levando notícias GRANDE PEIXOTINHO de seu primo Guilber a quem conheci através de Zé... Vai, Grande Zé Peixoto, iluminar o Palco dos Deuses com sua beleza humana. (jose Milbs) TEXTO QUE FIZ SOBRE ESTE AMIGO E QUE TRANSCREVO Pensando em algo puro e nosso. Vou falar de José Peixoto do Valle, o nosso Zé Peixoto. Os talentos de Ricardo, Izaburo, Lincoln e Phidias nasceram das criativas aparições deste grande amigo. Zé Peixoto é uma alma muito além de nosso tempo e dele flui toda a arte de quem tem o privilégio de conviver com ele. Seria uma espécie de “Midas”? Sei lá. Sei apenas que é um ser altamente puro e de espírito evoluído. O teatro de Macaé teve seus primeiros passos iluminados por suas maosmãos. Sua presença marca o inicio do talento, da simplicidade e do companheirismo. Iluminar sua presença em nossos palcos da vida seria uma forma de homenagear um vulto que nunca pensou em si Vvive para servir. Zé merece uma homenagem no palco da vida macaense. Ontem eu fui a cidade, numa dessas obrigatoriedade que somos obrigados a fazer no BB onde recebo minha merreca de aposentado. Vi o José caminhando pela Rua Principal da cidade. Misturados aos trancos e barrancos da cidade que inchou ele nem me percebeu. Veio a minha memória ele andando com seu pai, o velho Peixoto, abraçados nesta mesma rua, revi seu carinho com sua mãe Maria José, sua irmã Emilia, seu afeto fiel ao irmão Jeronimo e o orgulho que tinha dos demais manos. Seu caminhar já o curva na idade que o tempo nao perdoa. Mais ainda é o meu amigo, fiel dos tempos de Federação dos Estudantes e viagns pelas cidades de interior que fizemos juntos. Lá vai ele, cortando gente ali e acolá, como uma velha fecha em busca de um alvo distante e belo... Se algum contemporâneo conheceu uma alma pura, alegre como a de “Zé” me fale. Nunca conheci. A tempos escrevi uma crônica e citei fatos havidos e falei deste alma doce que é José Peixoto do Valle. Recebi de Adolpho, e meu companheiro de lides estudantis, uma carta que a republico para que faça parte da história esquecida de nossa cidade.Ai vai a carta: “Niterói, 06 de setembro de 1996. Prezado Jornalista José Milbs. Hoje li a sua crônica sobre meu irmão José Peixoto do Valle, ou Zé, como é conhecido por seus amigos, e entre eles, se inclui o Jornalista José Milbs desde quando estudante quando o articulista militava na política estudantil. Estas duas almas simples e abnegadas , colocadas lado a lado, Peixotinho e Zé, como pai e filho, em sua coluna “DO COTIDIANO – Peixotinho vive em Zé, seu filho...” em edição do jornal O REBATE”, cometeu equivoco que deve ser esclarecido. Francisco Peixoto Lins, conhecido como Peixotinho, na verdade estava tio de Zé, e não era seu pai. Peixotinho estava nosso tio, porque se tornou irmão de nosso pai, sendo primos entre si, porque forma criados juntos, consideravam-se como irmãos, queriam-se como irmãos, e, ambos tiveram os mesmos pais adotivos. Mais curioso ainda, tinham o mesmo nome Peixoto Lins acrescentados aos seus primeiros nomes. Assim, Raymundo Peixoto Lins, nosso pai – Peixoto ou Peixotão-, Francisco Peixoto Lins, nosso tio – Peixotinho -, este mais conhecido no meio espírita brasileiro por suas extraordinárias faculdades mediúnicas, e aquele mais conhecido na sociedade macaense , onde viveu até seus últimos dias . Ambos foram espíritas. Peixotinho morou em Campos e papai em Macaé. Dai naturalmente o equívoco. Peixotinho, nosso tio, se hospedava na casa de seu irmão Peixotão, quando vinha a Macaé as sessões de tratamento espiritual para os doentes desenganados da ciência médica e que buscavam o socorro do além. Essas reuniões se realizavam no venerável Grupo Espírita Pedro. Macaé ficou associada ao lugar das materializações espíritas, e Peixotinho muito conhecido, não só pelas materializações, como pela singularidade de elas serem luminosas, estas sim, fenômeno raríssimo, que muitos macaenses, campistas e outros tantos brasileiros, tiveram a oportunidade de conviver com essa “invasão organizada” desses espíritos. Macaé, no século XX, com as materialização de Peixotinho, abriu caminho para se consolidar entre os espíritas do Brasil, o aspecto tríplice do Espiritismo: filosofia, ciência e religião, pois a sua finalidade não foi dirigida a ciência: o fenômeno pelo fenômeno, mais foi organizada por amor ao próximo. No século passado,na sua base, essa “invasão organizada”dos espíritos foi dirigida à ciência, e ocorreu num obscuro lugarejo chamado Hydesville, do Estado de Nova York, com as irmãs Fox para a programação do espiritismo no meio cientifico da Europa e Estados Unidos. Parte desse material sobre as materializações se encontram reunidos no livro “Materializações Luminosas”de R.A. Ranieri, em que sobressai o aspecto do fenômeno das materializações, e mais recentemente o professor Humberto Costa Vasconcellos reorganizou este material num livro com o sugestivo título “materialização do amor” como querendo nos dizer que o amor produziu aquelas materializações luminosas. E sobre a fenomenologia das manifestações espíritas , na Europa e nos Estados Unidos, é interessante consultar o livro , “História do espiritismo, do escritor inglês, Arthur Conan Doyle, o criador do Sherlock Homes. Tenho conhecimento que em 1970 foi editado em Londres o livro “The Flyng Cow”, traduzida pelo português como “Força Desconhecida”, de Guy Lyon Playfair, que dedica vinte e duas páginas ao médium Peixotinho. Feitos estes esclarecimentos, agradeço-lhe as referencias carinhosas ao nosso irmão Zé, que trás não só os traços físicos mais fortes como também a hospitalidade e a solidariedade dos cearenses de boa cepa. Atenciosamente. Adolpho Peixoto do Valle...

30.5.14

CLAUDIA MÁRCIA ROCHA EM LINDO TEXTO SOBRE DONA MARIA KLONOWSKA....

ESSE TEXTO FOI ESCRITO PELA PROFESSORA Cláudia Marcia. HOMENAGEM A DONA MARIA KLONOWSKA. LINDA HOMENAGEM!!!! FICOU A SAUDADE DOS MILHARES DE ALUNOS QUE TIVERAM A HONRA DE PODER CONHECER ESTA BELA FIGURA... D.Maria despediu-se da Macaé, que tanto amava, nesta tarde de 29 de maio de 2014.No manto azul de Nossa Senhora,no mês a ela consagrado, foi buscar o descanso merecido. Não há macaense dos últimos sessenta anos que, de uma forma ou outra, não lhe reconheça o mérito, o exemplo, sobretudo, a Arte. Maria da Natividade Klonowska, Professora, compreendeu ainda jovem o mistério da sintonia cérebro e emoção. Alçou vôo de sua Natividade/RJ, indo buscar nos grandes centros,com mestres da pintura, os caminhos de sua vocação.Superação. Chega a Macaé, naquele momento especial das vibrantes possibilidades que o Brasil ofereceria, em sua moderna sociedade, nos anos cinquenta, do século passado. Integra-se ao grupo que compõe o momento sublime da educação de nosso Município: como era bom vê-la caminhando, daquela casa grande, de janelas baixas,na rua Visconde de Quissamã, em companhia de Seu Tadeu e dos dois meninos,Vicente e Casemiro! No Colégio Luiz Reid estabeleceu, ao lado de outros grandes mestres, a valorização do trabalho artesanal; ali, entre as normalistas, vivenciamos o aproveitamento de materiais, realizando o que mais tarde se denominaria reciclagem; seu ineditismo vem da capacidade de transformar com as mãos tecidos, madeira, linhas...Em suas aulas, talvez ainda não soubéssemos ser possível bordar a esperança e colorir a vida...Como era bom observar aquela família caminhando em direção à Praia de Imbetiba, carregando redes e puçás, quantas vezes, recolhendo algas e ensinando seu valor nutricional!!...Ah, D. Maria, os princípios da Ecologia, da vida natural, estavam todos ao nosso alcance e, felizes, muitos aprenderam... Acompanhei-a no trabalho de construção da sua própria casa, justo naquela Imbetiba ideal e idealizada...Já éramos colegas de profissão, seus meninos cresceram e o melhor refúgio foi a sua casa, seu atelier, onde assisti, eu e muitos outros,em êxtase, a alguns de seus estudos e a fases incríveis de sua pintura e tapeçaria! Observo o anjo tecido pela senhora, adquirido em 1984. Nas asas, dois abacaxis em vibrante amarelo, os olhos muito negros e esse sorriso cativante... Aproximo meu olhar deste palhaço, que carregando o violão, me diz tanto da senhora. De sua crença nos valores humanos, sua fé e força! Trocávamos leituras – Ela era leitora voraz -- e com ela era permitido conversar, analisar, buscar idéias, aprender!! Maria Klonowska, seu traço, as cores, a essência da maior artista com que já pude conviver.Obrigada!Seu nome já eternizado em páginas escritas, resenhas, catálogos, referências, um nome consagrado! Sua imagem serena, seu olhar, sua inquietação, sua magnífica obra marcam para sempre cada amanhecer dourado de nossa Macaé;sua lembrança é luz no azul sem fim que inunda esta tarde triste...

Um lindo texto de Saudades de meu amigo Luiz Cláudio Bittencout...

Luiz Cláudio Bittencout tem o sublime dom de escrever coisas lindas saídas do mais profundo de nossas criações humanas. As vezes que me encontro com ele a saudação é alegre como alegre é o seu olhar ao dirigir-se a mim... Gosto dele como gostava muito de Zé Luiz seu alegre e sorridente pai que sempre podia rever em seu lindo sítio no caminho para Carapebus... Da última vez que estive com Luiz Cláudio falou-me de suas perdas etc. etc. etc Brincamos e ele, como sempre, rindo, achava que estava levando muita porrada do criador o expondo a tanta dor de perdas queridas. Rimos juntos e comparei esta provação a que estava submetido o Jó de tantas citações bíblicas. Nos despedimos e lá fui eu para o Banco do Brasil, onde tenho CC desde 1981, pensando na saudade de sua linda irmã que se foi e tantos outros como Vantuil meu colega de PrImeiro ano B no Ginásio Macaense, de Vanderlân seu amado irmão, de Rouwran e tantos outros que já não habitam mais este mundo de crueldades... Acordo e vejo meu Face Book e leio este lindo texto deste Poeta, Escritor, Memorialista e amigo. Transcrevo no meu blog de acesso mundial pelo GOOGLE esta linda SAUDADE.... Luiz Cláudio Bittencourt 15 h · Editado · HOJE FAZ EXATAMENTE UM ANO QUE A NAIDIA FALECEU, E EU CAÍ EM UM PRECIPÍCIO! ESSE TEXTO MOSTRA O QUANTO O TEMPO FOI IMPORTANTE EM TODO ESSE PROCESSO DO LUTO. DEVO MUITO DESSA MINHA RECUPERAÇÃO A AMIGOS, COMO FORAM PRESENTES!!!! O NOSSO MUITO OBRIGADO. UM TEXTO ESCRITO COM O CORAÇÃO. Dunga Seu João é um vendedor de água de coco que fica normalmente na esquina das Ruas Conde de Araruama com Teixeira de Gouveia, perto do prédio onde, em tempos passados, funcionou a Companhia Telefônica Brasileira. Tempo de telefonista e banquinho para alcançar o aparelho telefônico de nossa casa, que era uma caixa de madeira na parede. E o número da casa do meu avô era 342. Depois o nome da empresa foi mudando, mudando, e a qualidade do atendimento também, para baixo! Infelizmente! Certo dia cheguei para tomar um copo de água de coco e perguntei pela esposa dele, que quase sempre estava ali em conversas alegres. Disse que havia falecido sem mais nem menos, e falou também da dor e saudade que estava passando com a ausência dela. Um mês depois, a Naidia faleceu também numa dessas surpresas da vida, aí eu soube, na minha própria carne, da dor que o Seu João descreveu tão bem. Minha querida Naidia, Hoje, 29/05/2014, um ano que você retornou à pátria espiritual, foi um momento difícil em minha vida – sofrido! Agora, depois de um ano de lutas comigo mesmo, muita coisa se transformou em virtude de tanta solidão, novidades, prantos e descobertas. O hábito de ler é uma dessas novidades, uma ótima novidade! Exatamente há 5 dias atrás, acordei feliz! Parecia que o meu paladar pela vida havia voltado – e acho que voltou! Senti um pouco de culpa pela chegada desse novo olhar à vida – coisas do luto! Mas, amigos me disseram que um dia esse estado de alma retornaria – não nasci para ser triste! Ninguém nasceu para ser triste! Mas também não sou mais aquele que ficou lá atrás, há um ano. E aprendi a ter cautelas com a vida, ler as intuições, e dar passos menores e mais lentos. Observar! Tenho mexido em seus guardados, e um tanto de tudo ainda está por mexer. Você juntou muita coisa! Não tenho pressa nessa missão, quero que cada peça, qualquer que seja ela, vá para as mãos mais indicadas. Lembranças de uma pessoa querida por tantos. Fique em um lugar fácil para que eu possa te achar quando, para mim, se fecharem as cortinas, mas acho que Deus vai me cozinhar em fogo brando! E eu, ainda me cuido!!! A vida está muito difícil de ser entendida. Constatar que homens tão estudados, de famílias que se dizem nobres, possam ter tão pouco caráter e piedade daqueles menos afortunados. Os que precisavam enxergar, não enxergam! “É gado marcado, é gado feliz!” E vejo um período nebuloso chegando à nossa pátria e ao mundo. Parecem crianças brincando de reis! Entornando vaidade e prepotência por todos os lados, e correndo atrás do poder. Em nenhum momento pensam no plantio e na certeza da colheita daquilo exatamente que plantaram! Uma perda de tempo porque terão que mudar um dia. A outra dimensão tem leis sérias, e nós seremos os nossos próprios juízes! E as mudanças, são obrigatórias! Perdem oportunidades em virtude do tanto de futilidades que os transformam cegos. Não enxergam que a generosidade é uma maneira prazerosa de enriquecer-se. A lei do “levar vantagem” é muito forte! A vida, no tempo dela, tem me mostrado caminhos. Sigo conceitos que, por alguns anos, estudamos em nosso terraço – o nosso culto no lar. Procuro fazer coisas boas e aguardar o meu tempo, e o tempo do tempo! Um beijo em seu coração! Amo você e tenho muita saudade! Da sua voz principalmente! Da palavra Lu, passeando em som pelo nosso quarto, e dos nossos domingos, das nossas viagens e de tudo mais que estávamos reavendo. Aqui em casa, o Gravata tem sido amado por muita gente – tem até uma rádio! Imagina! E pessoas que gostam da rádio dele! O galinho garnisé, lá no fundo do quintal, canta como criança! Apesar dos seus 14 anos! Os passarinhos continuam a se alimentarem da nossa generosidade e respeito. A Laine cuidando de nossa casa com todo aquele bom carinho mineiro. E o resto, é o resto! E quem vai escrever sobre ele é o tempo! Aguarde-me! Eu te acho do mesmo jeito que te descobria dentro de trens que chegavam a Macaé tão fora das épocas em que você deveria estar neles. É a bússola da alma! De todos nós daqui de casa, um beijo para você e para a Lilinha, e que estejam juntas e bem, são os nossos votos. Luiz Cláudio Bittencourt - 29/05/2-14 Luiz Cláudio Bittencourt (Lu) 29/05/2014

27.1.14

DESEJO AGRADECER DO FUNDO DE MEU CORAÇÃO A HOMENAGEM QUE RECEBI DAS " Cigarras de Macaé" através de AURORA RIBEIRO publicado no jornal "O Debate" na ed. de Domingo. Refrigerado o velho coração só me resta a felicidade de saber que as pessoas existem... José Milbs, editor de "O Rebate"...

21.1.14

TEM PESSOAS QUE A GENTE PENSA QUE NUNCA VAI MORRER Ceni Andrade acompanhou a geração de milhares de jovens que tiveram a grata felicidade de conviver com sua maestria funcional no trato com a Eduçação Pública. Pessoalmente sou dos muitos que sentiram saber que ela já não habita este pequeno espaço que habitamos no imenso universo de vitais... Sou do tempo em que ela namorava o meu querido Bráulio Pinto de Andrade, Vi ainda menina e eu menininho que deixava de engatinhar e dava meus primeiros passos na Rua do Meio (dr. Bueno) na cidadezinha onde nascemos de nome Macaé... Ela filha de Seu José Sapateiro, colega e amigo de meu pai, também Sapateiro, Djecyr Gama. Eles eram tão amigos que se identificavam como Zé Bonito e Djecyr Gaguinho... Bons tempos que os pais, avós passagam os apelidos para os filhos e estes, carinhosamente, os chamavam. Ceni deveria ser a menina mais linda de uma geraçao que não
se esgota nas saudades e Braulio o mais galante dos meninos de uma Cidade Pura. Braulio e Ceni juntaram suas vidas ainda no florir dos 15 anos sob a proteção de seus pais e de um casal de "Baianos Retados" Aluisio e Dona Durvalina. A Rua do Meio, os velhos e sumidos moradores e meninos na Rua, se acostumaram com este casal de jovens embalando filhos ao colo e ainda, ele, Braulio, jogando peladas e ela, Ceni, ainda brincando de Bonecas e Chicotinho Queimado... Grande Ceni `Pinto de Andrade que sempre soube brincar tambem com a tristeza que o mundo nos impoe e sair vitoriosa com o "sempre sorriso" que foi e será sua marca registrada onde quer que habitam os seres privilegiados... Professora, grande dirigente educacional e servidora exemplar deixou sua presença marcante no Ensino Público quando trabalhou na Coordenadoria de Educação com Lucia Maria Coelho de Lacerda Gama fornecendo sua alegria e sabedoria com sua fala que amenizava conflitos e transformava em harmoniosa união as divergencias que adivinham das lutas... Nas festas e eventos, em sua maioria no Sitio onde habito, era a pessoa mais aguardada e o festejamento de sua chegada falava alto do conceito e carinho que tinha de todo Corpo Educacional da Região de Petróleo... Seus Filhos Braulinho, Juca, Rita de Cassia e Ana Lúcia espalharram as sementes desta mulher guerreira que mesmo, nas mais duras das provações que a morte prematura de 3 deles, deixou de sorrir e fortalecer os que ficaram como que dizendo que a vida continuava... Gostava de meus textos e sempre que podia a gente trocava ideias. Eu lhe dizendo que tinha horror de corrigir o que escrevia e por isso muitos, como este agora, saiam sem correção e com erros grotescos e ela, rindo e, com sabedoria, dizendo que o sentimento estava sempre acima das colocações e articulações gramaticais... Grande Ceni que deverá estar sendo recebida por todos que se foram deste mundo frágil mais que se fortalece a cada dia que alguém com tanta força se vai... Jose Milbs de Lacerda Gama,. editor de O REBATE